Enfermeiros sob “pressão inaceitável” devido às condições de trabalho, diz Ordem
Esta posição surge no dia em que foi divulgado um estudo que concluiu que 30% dos enfermeiros apresentam sintomas de depressão grave e 45% reportam sofrer de pelo menos uma doença física ou mental.
A Ordem dos Enfermeiros (OE) alertou esta sexta-feira para a "pressão inaceitável" a que estão sujeitos esses profissionais de saúde, devido às suas condições laborais, e defendeu o reconhecimento da profissão como de risco e desgaste rápido.
Esta posição da ordem surge no dia em que foi divulgado um estudo que concluiu que 30% dos enfermeiros portugueses apresentam sintomas de depressão grave e 45% reportam sofrer de pelo menos uma doença física ou mental.
Estes resultados demonstram que os enfermeiros "enfrentam níveis devastadores de desgaste físico e mental", salientou a OE em comunicado, um cenário que considerou agravado pela falta de 14 mil profissionais no Serviço Nacional de Saúde (SNS), uma "carência estrutural que compromete a qualidade dos cuidados de saúde".
Segundo a ordem, que apoiou o estudo NursesMH#Survey2024, a sobrecarga de trabalho, associada a turnos sucessivos, ausência de descanso adequado e os contratos precários estão a colocar os enfermeiros "sob uma pressão inaceitável".
A entidade liderada por Luís Filipe Barreira lamentou ainda que cerca de metade dos enfermeiros trabalhem mais de 70 horas semanais, muitos dos quais sem fins-de-semana livres, uma situação que alega não ser só do foro laboral, já que também "compromete a segurança e o bem-estar dos doentes".
"O Ministério da Saúde já tinha mostrado abertura à proposta da OE de fazer um levantamento urgente das necessidades do SNS e de criar um plano estruturado de contratação de enfermeiros, substituindo os contratos precários de curta duração por vínculos estáveis e dignos. Precisamos começar este caminho o mais rápido possível", avisou o bastonário.
A ordem realçou ainda que são necessárias ainda outras medidas, como o reconhecimento da enfermagem como profissão de risco e desgaste rápido, a implementação de um subsídio de risco e a antecipação da idade da reforma.
"É preciso também que haja um acesso efectivo a apoio psicológico, bem como medidas de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, assegurando a protecção física e emocional dos enfermeiros", referiu a OE, que se disponibilizou para colaborar com o Governo na definição e implementação de "medidas adequadas para inverter este problema".