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Os Homens do Presidente desapareceram! E voltaram.
Uma bússola para navegar o mundo do streaming. Joana Amaral Cardoso mostra-lhe o que há para ver.
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Olá.
Era a véspera da véspera de fim de ano e em toda a casa nem uma criatura se mexia, nem um rato. E de repente, o Presidente Bartlett, Toby, C.J. e Josh esfumaram-se. Os Homens do Presidente, ou The West Wing (como nunca devia ter deixado de se chamar porque Os Homens do Presidente já era o título do filme de Alan J. Pakula sobre Watergate e isto nunca fez sentido nenhum, além de que CJ, Amy ou Donna não são propriamente homens), desapareceram.
Os espectadores da Max na Suécia, na Noruega, no Arizona e mundo fora viram uma das melhores séries de sempre esfumar-se perante os seus olhos. Como sabemos? Porque muitos e muitas relataram quase em directo o seu choque e indignação quando, a meio de um episódio, a série se eclipsou, ou pior, quando tinham adormecido momentaneamente e ao acordar já não encontraram vestígios de Martin Sheen, Bradley Whitford ou Allison Janney.
Parecia um pesadelo, mas muitos assistiram em directo à aplicação do poder do lado negro da força do streaming. Subitamente, uma série, um filme, um documentário podem sumir-se de uma plataforma onde, iludidos, os clientes, membros, espectadores ou o que nos queiramos chamar acham que têm opções ilimitadas e que isso é sinónimo de posse e permanência.
Não é. Durante as férias das festas, a Max enfrentou mais uma das suas pequenas crises. Em suma, e segundo uma newsletter especializada em media, Hollywood e afins, a Status, houve um problema de ROI e um problema de comunicação na Warner Media. Adenda: um problema de noção, quiçá? Vejamos: o jornalista Oliver Darcy obteve a informação de que a decisão de remover The West Wing do catálogo da Max se deveu a "cortes de custos" após uma "avaliação do ROI" — traduzindo para português e para linguagem minimamente clara, ROI significa return on investment e em português pode ser traduzido como rentabilidade, segundo a Rafaela Relvas ali da Economia do PÚBLICO.
Ou seja, o que vale mais? Ter gasto e gastar pelos direitos de exibição de The West Wing (que, por patética ironia do destino, é uma série produzida pela Warner Bros Television) ou simplesmente não a disponibilizar na sua biblioteca porque custa dinheiro e, se estivéssemos na era analógica, ocupa espaço. Não por acaso, havia quem no Reddit perguntasse "onde estão os meus DVD de The West Wing?".
Entretanto, caso esteja a puxar da aplicação ou do comando para verificar o paradeiro de Martin Sheen, The West Wing já voltou. Dia 8 de Janeiro a normalidade foi reposta depois de algumas notícias a estranhar a decisão e o facto de, segundo Darcy e depois o site Deadline, se ter percebido que ninguém tinha avisado os chefes acima de quem faz as contas e vê as audiências — e que aparentemente trabalha no ramo certo porque sabe exactamente qual o valor de The West Wing na história da televisão.
The Nevers, uma série de sci-fi falhada de Joss Whedon mas com belas interpretações, Raised By Wolves, uma série sci-fi com problemas e com a marca de Ridley Scott, ou Westworld, uma série de sci-fi bem arrancada e depois dispersada, são apenas algumas das vítimas das decisões da Max de eliminar a sua própria produção no passado recente.
Não são só soluços fruto das muitas transformações e fusões que o grupo proprietário da HBO tem sentido, mas também más decisões, como a perda de Minx, a série sobre pornografia para mulheres que a Max desbaratou; a Disney+ chegou a Portugal com O Mundo Segundo Jeff Goldblum no seu catálogo de novidades e agora a série já não está no serviço. E há mais exemplos.
A conclusão é que nada é para sempre, nada está seguro e que aqueles que voltaram a comprar e a coleccionar DVD não são só nostálgicos ou jovens com gostos por artefactos retro. O argumento de quem faz coisas para streaming de que assim vão chegar a mais pessoas e "estar lá" é falacioso. Muitos autores e intérpretes acabam mesmo por não ter um exemplar do seu próprio trabalho, nem que seja para recordação.
As sete temporadas de The West Wing já estão de volta à Max, mesmo a tempo de ver a antítese de Bartlet regressar à Casa Branca.
O que anda a ver
John Wells, produtor executivo de Serviço de Urgência, Os Homens do Presidente e produtor de The Pitt, em estreia na Max
"Há uma série da HBO chamada Somebody, Somewhere, que é fantástica e eu adoro. Sou do Colorado e este é o mundo de onde eu vim, um bando de pessoas loucas, e loucas pelo teatro. Foi a minha coisa favorita do ano. A escrita é fantástica. O elenco é fantástico. O tom é tão bonito. E eu sei como isso é difícil de fazer. Mas há muita programação boa neste momento."
Disney+
Sexta-feira, 10 de Janeiro
Arrepios: O Desaparecimento — Série original Disney+ com base na série de livros famosa e que tem os gémeos Cece e Devin Brewer a passar o verão em Gravesend, Brooklyn. Com os amigos Alex, CJ e Frankie começam a ter de lidar com um caso que envolveu quatro adolescentes em 1994. Com David Schwimmer.
Quarta-feira, 15 de Janeiro
Alien: Romulus — Não há como matar este monstro. Desta vez coube ao realizador Fede Alvarez continuar o thriller espacial que Ridley Scott e James Cameron tornaram épico, icónico e inesquecível. Talvez por este pedigree seja difícil voltar a Alien sem um suspiro derrotado — mesmo quando é o próprio Scott a fazê-lo, e aqui mora fã de Prometheus. Mas promete-se um regresso às "raízes" e "puro terror".
Uma Verdadeira Vida de Insecto — Segunda temporada desta série documental da National Geographic que acompanha e explora com recursos de imagem detalhados a vida de seres como o escaravelho-tigre, a libélula ou a mariposa-lua.
Netflix
Sexta-feira, 10 de Janeiro
Machos Alfa — Terceira temporada da série espanhola em que os protagonistas descobrem conceitos antifeministas, como machosfera e incel e continuam a explorar as relações entre géneros o melhor que podem.
Ad Vitam — Filme de acção francês em que o ex-militar de elite Franck Lazarev está em busca da mulher, Léo, que foi raptada por um misterioso grupo de homens armados.
Desordem Pública — Agentes policiais especialistas em crises causadas por multidões, grupos mais ou menos organizados e mentalidade de manada. São uma brigada de velha guarda com uma nova comandante, partidária de uma outra abordagem da polícia. Seis episódios.
Com Amor, Meghan — Sim, Meghan Markle tem um novo programa Netflix focado em estilo de vida, faça-você-mesmo e bricolages à medida de uma mulher que abalou a poeirenta monarquia britânica mas continua a ostentar o título de duquesa de Sussex. Os seus convidados famosos incluem Roy Choi, Mindy Kaling, Alice Waters e chefe conhecidos.
Filmin
Quinta-feira, 16 de Janeiro
Consentimento — O filme que tem por base o livro de Vanessa Springora, escritora e editora que passadas décadas conseguiu analisar a relação que tinha com o escritor Gabriel Matzneff de 50 anos, quando a jovem tinha apenas 14. Dominada, entregue pelos pais ao intelectual respeitado, a sua história foi um capítulo essencial do #MeToo francês.
Westwood: Punk, Ícone, Activista — Documentário de Lorna Tucker sobre Vivienne Westwood, feito ainda com a artista e criadora de moda viva. Imagens de arquivo, reconstituições e entrevistas perfazem o pacote.
Amazon Prime Video
Sexta-feira, 10 de Janeiro
Beautiful Wedding — Abby e Travis casam-se em Las Vegas mas não estavam na plena posse das suas faculdades. Acto seguinte: ir para o México em lua de mel com amigos e família.
Max
Sexta-feira, 10 de Janeiro
The Pitt — Pode ir ler no PÚBLICO sobre esta série que tenta com muita força não ser colada a Serviço de Urgência mas que inevitavelmente atrai comparações com a série emblemática com Anthony Greene e George Clooney. Noah Wyle recebe o testemunho e é um médico cujo turno em que tudo acontece alimenta numa espécie de tempo real as 15 horas da série.
Quarta-feira, 15 de Janeiro
The Curious Case of Natalia Grace: The Final Chapter — Era preciso este capítulo da bizarra história de uma jovem chegada do estrangeiro com idade indefinida, adoptada e acusada de violência, por seu turno acusando os seus pais adoptivos de abusos? Parece que sim porque aqui está ele.
Harley Quinn – A quinta temporada da série protagonizada pelas vozes de Kaley Cuoco e Lake Bell leva-as a Metropolis, portanto à casa do Super-Homem, mas também de Lex Luthor e afins malfeitores.
TVCine+
Terça-feira, 4 de Janeiro
La Fièvre – O Escândalo — Série sobre racismo e futebol, versão França. Fodé Thiam, estrela do Racing Paris, dá uma cabeçada no seu treinador. O primeiro é negro, o segundo é branco. Tudo se passa numa cerimónia de prémios. Entram em cena consultores de comunicação de crise, só que um deles, ou uma delas, derivou para a extrema-direita e naturalmente não planeia nada de bom ao envolver-se no caso. O tema alastra-se para uma crise nacional. Criada por Eric Benzekri, ex-conselheiro político, tem seis episódios.
Ler para ver
PÚBLICO: A vida estúpida de Philomena Cunk
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New York Times: Here’s Why You Hate Watching TV Right Now
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The Hollywood Reporter: 'Severance' Review: Apple TV+'s Dystopian Sci-Fi Returns for a Frustrating but Fascinating Season 2
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Até ao Próximo Episódio.