Proposta do Governo para bombeiros sapadores ainda não é suficiente para sindicatos
Sindicatos dizem concordar com a criação de um suplemento único, mas querem que os 20% sejam atingidos mais cedo, e também reclamam um aumento maior da tabela remuneratória.
A reunião entre o Governo e os sindicatos dos bombeiros sapadores terminou esta quinta-feira com alguns avanços, mas a proposta apresentada ainda não é suficiente, avisaram as estruturas sindicais à saída do encontro.
À saída do edifício sede do Governo, António Pascoal, do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), anunciou que os sindicatos vão agora avaliar a proposta apresentada, "mas, à primeira vista, não é o suficiente para satisfazer os interesses e os objectivos que os bombeiros têm para a sua regulamentação".
Na proposta a que a agência Lusa teve acesso, o Governo avançou com a criação de um suplemento único, ao contrário daquilo que tinha proposta na última reunião de 3 de Dezembro de 2024. Este suplemento será de 20% da remuneração base de cada trabalhador e terá um aumento faseado - 10% em 2025, 5% em 2026 e 5% em 2027.
Os sindicatos dizem concordar com a criação de um suplemento único, mas querem que os 20% sejam atingidos mais cedo.
Em relação aos valores das tabelas remuneratórios, sindicatos e Governo estão mais próximos, mas ainda não estão de acordo, uma vez que os valores apresentados são, segundo as estruturas sindicais, ainda muito baixos e são também faseados até 2027.
Por exemplo, o Governo propõe que um bombeiro, depois do primeiro ano em período experimental, receba 1.222 euros este ano, 1.175 euros em 2026 e 1.228 euros em 2027.
O Governo aceitou manter as actuais sete categorias na carreira especial - ao contrário das cinco categorias da anterior proposta - e manter as actuais 35 horas semanais de trabalho - ao contrário das 40 horas propostas na última reunião.
Na reunião desta quinta-feira estiveram sete sindicatos, incluindo os Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais (SNBP), Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (SINTAP), Sindicatos dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) e Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL).
O Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS), que tinha sido convocado para o próximo dia 16 de Janeiro, acabou também por ser recebido esta quinta-feira pelo Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, depois de esta estrutura sindical ter cancelado a greve e manifestação que tinha agendadas para dia 15 de Janeiro. O SNBS saiu das negociações com o Governo sem data para a próxima reunião e criticou as estruturas sindicais que estiveram antes no edifício sede do Governo, em Lisboa.
"Os sindicatos que reuniram anteriormente solicitaram que as reuniões, a partir de agora, sejam separadas", adiantou o representante do SNBS Ricardo Cunha, à saída do encontro, acrescentando que os restantes sindicatos dos bombeiros sapadores "já traíram" estes profissionais no passado.
As estruturas sindicais que reuniram inicialmente com o Governo saíram já com uma data para o próximo encontro, que será no dia 16 de Janeiro.
Em relação ao encontro desta quinta-feira, Ricardo Cunha admitiu, tal como os restantes sindicatos que representam os bombeiros sapadores, que a proposta apresentada pelo Secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, Hernâni Dias, se aproxima mais daquilo que os trabalhadores querem, mas ainda não é suficiente.
O SNBS quer mais do que os valores apresentados esta quinta-feira e que o suplemento dos bombeiros se aproxime daquele que foi dado às forças de segurança no ano passado. "Ninguém nos consegue explicar porque é que o Governo não quer dar um suplemento idêntico ao das forças de segurança. Não digam que a polícia tem mais risco do que os bombeiros", acrescentou Ricardo Cunha.
No início de Dezembro, o executivo suspendeu as negociações com os bombeiros sapadores, acusando-os de estarem a fazer pressão ilegítima, com um protesto que incluiu petardos, tochas e fumos junto à sede do Governo. “O Governo não vai decidir nunca na base de coação”. disse então o primeiro-ministro.
Os bombeiros sapadores já realizaram três manifestações desde Outubro com rebentamento de petardos e lançamento de tochas, além de uma ocupação da escadaria da Assembleia da República. Na manifestação de 2 de Outubro, a PSP revelou que iria participar esse protesto ao Ministério Público, por terem sido violadas várias regras, como a ocupação da escadaria.
Texto actualizado às 20h26 com declarações de Ricardo Cunha do Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS)