Gripe com tendência crescente e mortalidade acima do esperado nos idosos e mulheres
Boletim do INSA relativo ao período entre 30 de Dezembro e 5 de Janeiro indica que, nas últimas semanas, “tem sido observada uma tendência crescente dos casos de gripe” no país.
Portugal regista uma actividade epidémica de gripe com tendência crescente e com impacto na mortalidade acima do esperado nos idosos com mais de 85 anos e nas mulheres, anunciou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).
O boletim do INSA sobre a vigilância epidemiológica dos vírus respiratórios, relativo ao período entre 30 de Dezembro e 5 de Janeiro, indica que, nas últimas semanas, "tem sido observada uma tendência crescente dos casos de gripe" no país, que apresenta uma "actividade gripal epidémica com tendência crescente" e com forte impacto nos tempos de espera nas urgências hospitalares.
Na primeira semana deste ano, verificou-se uma "mortalidade acima do esperado no grupo etário acima dos 85 anos e no sexo feminino", adiantou o instituto.
"Na época 2024/2025, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe e Outros Vírus Respiratórios (hospitais) notificaram 41.778 casos de infecção respiratória e foram identificados 4.341 casos de gripe", refere o documento.
Já na semana entre 30 de Dezembro e 5 de Janeiro, foram identificados, no âmbito desta rede, 1.048 casos positivos para o vírus da gripe.
O INSA refere ainda que, nesta semana, foram reportados oito casos de gripe pelas 16 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação e que, desse total, quatro apresentavam doença crónica e sete tinham recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas um estava vacinado.
Nesta semana, a proporção da gripe em cuidados intensivos foi de 5,5%, aumentando face à semana anterior (2,9%), avança também o boletim.
Já em relação ao vírus sincicial respiratório (VSR), na época 2024/2025, foram reportados 221 casos de internamento de crianças com menos de 24 meses na rede de vigilância sentinela, das quais 6,3% tiveram de ser internadas em unidades de cuidados intensivos ou com necessidade de ventilação, mas verifica-se uma tendência estável dos casos de internamento.
Em Portugal, o Programa Nacional de Vigilância é composto pela Rede de Médicos-Sentinela (médicos de família), pelos serviços de urgência de obstetrícia, pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios e pelas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
Habitualmente, este programa tem início no princípio de Outubro, terminando em Maio do ano seguinte, e integra as componentes de vigilância clínica e laboratorial.
O surgimento de infecções respiratórias na época de inverno, como é o caso da gripe, leva a um aumento da pressão sobre os cuidados de saúde primários e hospitalares, o que tem obrigado alguns hospitais a activarem os seus planos de contingência para responder à crescente procura.
Como medida preventiva, as autoridades têm insistido na vacinação sazonal, que arrancou em 20 de Setembro e que já permitiu vacinar mais de 2,3 milhões de pessoas contra a gripe e cerca de 1,5 milhões com a dose de reforço contra a covid-19.