María Corina Machado convoca grande manifestação em Caracas contra posse de Maduro
Oposição venezuelana convocou uma concentração em quatro pontos de Caracas esta quinta-feira para derrubar o regime de Maduro. María Corina Machado vai sair da localização secreta e estará presente.
María Corina Machado, a líder da oposição venezuelana, convocou uma grande manifestação em Caracas para esta quinta-feira, 9 de Janeiro, véspera da tomada de posse de Nicolás Maduro. "Acabou", anunciou a opositora ao regime chavista num vídeo divulgado nas últimas horas: "A Venezuela deixará de ser miserável e passará a orgulhar os venezuelanos. Chegou o momento de tornar esta tarefa uma realidade. Todos têm o seu papel a desempenhar, como uma orquestra."
A concentração na capital venezuelana está marcada para as 10h locais, mais quatro horas em Portugal Continental, e será liderada pela própria María Corina Machado. A opositora ao regime venezuelano vai assim abandonar a localização secreta onde se tem refugiado nos últimos meses e enfrentar as ameaças de detenção que têm sido tecidas por Nicolás Maduro e pelo seu ministro do Interior, Diosdado Cabello.
"A Venezuela já é um rio com muito caudal que se alimenta de cada um de nós, contribuindo com a nossa energia criativa e transformadora. Esta enorme força que se tem vindo a acumular chegou ao ponto de transbordar e é imparável, incontrolável. Que o medo tenha medo de nós", apelou María Corina Machado na mensagem de vídeo, onde também pede aos militares e polícias sob as ordens de Maduro para fazerem valer a vontade popular.
A concentração está marcada para quatro pontos na cidade de Caracas e estima-se que María Corina Machado aparecerá no mais central de todos: o município de Chacao, onde fica a zona financeira da capital venezuelana. A opositora estará rodeada de dezenas de apoiantes, que formarão anéis em seu redor para evitar a detenção pelas forças policiais e militares fiéis ao regime chavista.
É possível que o protesto convocado pela oposição se cruze nas ruas venezuelanas com a manifestação marcada pelo regime liderado por Nicolás Maduro.
O plano da oposição é travar a tomada de posse de Maduro, anunciado como vencedor das eleições de 28 de Julho pelo regime chavista, e empossar Edmundo González como Presidente da Venezuela. O candidato, que a oposição insiste ser o legítimo vencedor dessas eleições, já prometeu que estará em Caracas esta sexta-feira, 10 de Janeiro, depois de ter estado esta quarta-feira no Panamá, onde visitou o Presidente José Raúl Mulino, a quem entregou as actas presidenciais que alegadamente comprovam a vitória da oposição venezuelana. Entretanto chegou a Santo Domingo, República Dominicana, onde terminará a viagem pela América antes de regressar à Venezuela.
Na sequência destes encontros, Javier Martínez-Acha, chanceler panamenho, adiantou que "vai haver uma grande surpresa que vai estremecer o continente". Em resposta, Nicolás Maduro, que colocou as tropas em peso nas ruas, classificou José Raúl Mulino, de 65 anos, apenas três anos mais velho que ele próprio, de "velho asqueroso": "Também vais ter o que mereces", ameaçou.
Estrangeiros detidos na Venezuela ultrapassam os 150
Nicolás Maduro acusou María Corina Machado de "mobilizar grupos de mercenários para tentar atacar manifestações da oposição de extrema-direita" e de pretender "mais uma vez uma emboscada contra o seu próprio povo". Mas na Venezuela, garantiu o Presidente dois dias antes da tomada de posse presidencial, "a paz, a Constituição e a unidade nacional reinarão".
Maduro disse entretanto que mais de 150 estrangeiros, que descreveu como mercenários, foram detidos nos últimos meses devido a planos para "colocar bombas, atacar, destruir". "Já temos mais de 150 mercenários estrangeiros, gringos, ucranianos, etc", disse na quarta-feira o chefe de Estado, num evento transmitido pela televisão estatal venezuelana VTV.
Até terça-feira, as autoridades tinham anunciado a detenção de 132 estrangeiros, incluindo dois dos Estados Unidos, dois da Colômbia e três da Ucrânia, disse Maduro. Entre esse grupo de sete estrangeiros, detidos nas últimas horas, está um oficial da polícia de investigação dos Estados Unidos, o FBI, e um soldado norte-americano. Os dois colombianos seriam sicários, afirmou o líder.
Horas antes, o Departamento de Estado norte–americano negou que o país esteja envolvido numa “conspiração para derrubar” Maduro. com Lusa