Dakar: Nunca imaginei que fosse possível ultrapassar tanta provação num rali
Esforço e resistência. Depois de mais um dia exigente, é tempo de respirar fundo, escreve Maria Luís Gameiro: vêm aí 24h de descanso. Primeira fase da prova superada.
- Maria Luís Gameiro está a participar no Rali Dakar na Arábia Saudita e vai relatando na Fugas a sua experiência em cada etapa
Terminou a primeira semana de Dakar. Nunca pensei desejar tanto a chegada do dia descanso, mas também nunca imaginei que fosse possível ultrapassar tanta provação numa corrida de automóveis.
Estou num misto de alívio pelo merecido descanso que vou ter a partir de agora e durante as próximas 24 horas, mas também de excitação e orgulho por ter conseguido chegar até aqui.
A etapa desta quinta-feira voltou a “puxar” por mim, mas eu resisti e o meu carro também. Acho que estratégia de contenção está agora a dar frutos. Hoje rodámos num misto de recuperação e “rédea curta” e terminámos no 34º lugar da geral, que nos permite manter a 38ª posição na categoria Challenger.
Foi muito mais duro do que alguma vez imaginei. Contaram-me muitas histórias, mas nada do que me “venderam” se compara com aquilo que vivi na última semana.
A dureza dos pisos, o número de horas ao volante, as tantas paragens, a condução noite dentro, as pouquíssimas horas de sono. Enfim, é uma lista longa, mas que, admito, me está a dar traquejo. É pena que a aprendizagem seja por vezes tão dura. Mas se é assim que se tem que ser, eu nem pestanejo... Vamos a isso!
Além de toda a força que fui recebendo de todos os que me acompanham e dos que aí à distância vão seguindo esta minha estreia no Dakar, ontem tive um reconfortante exemplo do espírito que se vive entre a maioria das equipas em prova.
Noite dentro, no final da etapa Maratona, tivemos o habitual briefing com a organização e este acabou por representar um animado momento de confraternização e foram muitos os “colegas de aventura” que vieram transmitir-nos o seu apoio, dando um pouco mais de alento, sabendo das dificuldades que temos tido. O ambiente é, sem dúvida, óptimo e sente-se um verdadeiro desejo de que cada um consiga manter-se em prova e que deixe para trás todos os obstáculos.
Neste dia pré-pausa até sinto o ar mais leve e acho que é algo transversal ao restante pelotão. Estamos todos a precisar de respirar fundo... A primeira fase da prova está terminada e agora só espero que toda esta adrenalina não me impeça de descansar. Por outro lado, sei que a minha equipa vai ter tempo para “trazer” à vida o meu carro, que está a precisar de uma intervenção de fundo.
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