Paulo Bugalho: “Não vamos perceber o que é isto de ser humano se não lermos”

O cérebro será a “última fronteira” onde se produzem sonhos num processo que encontra paralelo na literatura. Paulo Bugalho, neurologista, escritor, entra nesse território atrás do nosso melhor duplo.

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Paulo Bugalho é médico neurologista, grande leitor, autor do romance A Cabeça de Séneca (2011) e do conjunto de ensaios O Melhor Duplo (2024)
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Tomemos um sonhador comum, alguém que durma oito horas por noite. Contas redondas, quatro dessas oito horas são a sonhar, mesmo para os que garantem que não sonham. Multipliquemos isso por 365 noites e temos 1460 horas de sonho por ano. O autor desta contabilidade deixa, contudo, uma advertência: “O total de que um bom sonhador se lembrará num ano será apenas dezoito horas”, e mesmo essas se desvanecem pouco depois do acordar. Quantas ideias boas produzidas nessas horas se terão perdido?, pergunta o mesmo sonhador em estado de vigília, convencido de que muitas seriam aliadas preciosas do acto criativo, histórias nascidas num processo não muito diferente do literário.

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