Cientistas defendem novo objectivo das Nações Unidas para travar o lixo espacial

Um grupo de cientistas pede que a prevenção da acumulação de lixo espacial seja um dos objectivos de desenvolvimento sustentável, a par da saúde ou da igualdade de género.

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Até 2030, estima-se que existam mais de 60 mil satélites na órbita da Terra janiecbros/getty
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Cientistas defendem a designação pelas Nações Unidas de um novo objectivo de desenvolvimento sustentável (ODS) que vise a conservação e o uso sustentável da órbita da Terra e a prevenção da acumulação de lixo espacial.

Actualmente existem 17 ODS, adoptados em 2015 pelos membros das Nações Unidas e que abrangem itens como pobreza, fome, saúde, educação, aquecimento global, igualdade de género, água, saneamento, energia, urbanismo, meio ambiente e justiça social.

Num artigo divulgado esta quinta-feira na revista científica One Earth, peritos internacionais, nomeadamente das áreas da tecnologia de satélites e poluição dos oceanos por plásticos, sugerem um 18.º ODS, dedicado à protecção da órbita terrestre.

No artigo, citado em comunicado pela Universidade de Plymouth (Reino Unido), onde trabalham alguns dos autores, os cientistas salientam que há cerca de uma centena de países envolvidos a vários níveis na actividade espacial e que quase 20 mil satélites foram enviados para a órbita da Terra desde os anos 1950.

Apesar dos benefícios para a sociedade, desde a monitorização dos ecossistemas até às comunicações, os satélites, quando chegam ao fim da sua vida útil, podem acumular-se no espaço como lixo, ameaçando a segurança de astronautas e o desempenho de outros engenhos em actividade.

Há cerca de dois anos, vários destes cientistas defenderam, num artigo publicado na revista Science, um tratado internacional juridicamente vinculativo que garanta que a órbita da Terra não será irreparavelmente prejudicada pela futura expansão da indústria espacial à escala mundial.

Segundo os especialistas, qualquer tratado vinculativo para a protecção da órbita terrestre contra a poluição por lixo espacial deverá incluir medidas que responsabilizem fabricantes e utilizadores de satélites a partir do momento em que são lançados para o espaço. Os custos comerciais devem ser considerados na responsabilização.

As estimativas actuais apontam para que até 2030 haja mais de 60 mil satélites na órbita da Terra, onde circulam milhares de milhões de restos de antigos satélites não rastreados.