Incêndios em Los Angeles fazem cinco mortes. Quase 180 mil pessoas retiradas de casa

Condições meteorológicas continuam desfavoráveis ao combate aos incêndios. Chamas ameaçaram partes de Hollywood, mas a situação foi controlada. Biden cancela viagem oficial para seguir situação.

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O vento forte e incerto está a dificultar o combate às chamas em várias zonas de Los Angeles Ringo Chiu / REUTERS
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Incêndio perto de Hollywood David Swanson / REUTERS
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Bombeiros tentam controlar a situação em Hollywood Ringo Chiu / REUTERS
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O vento forte e incerto está a dificultar o combate às chamas em várias zonas de Los Angeles Fred Greaves / REUTERS
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O vento forte e incerto está a dificultar o combate às chamas em várias zonas de Los Angeles David Swanson / REUTERS
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Há pelo menos cinco mortos confirmados Ringo Chiu / REUTERS

Os incêndios que lavram no estado norte-americano da Califórnia há dois dias causaram a morte a pelo menos cinco pessoas e destruíram mais de 2000 casas, tendo sido dada ordem de evacuação a quase 180 mil pessoas, segundo os dados indicados numa conferência de imprensa que aconteceu na manhã desta quinta-feira em Los Angeles (por volta das 16h30 de Portugal continental).

O comandante dos bombeiros do condado de Los Angeles, Anthony Marrone, adiantou na conferência de imprensa que há vários feridos e que a origem do fogo ainda é desconhecida e continua a ser investigada. As autoridades locais referem que estão em causa cinco grandes fogos, que já queimaram mais de 11.745 hectares.

“Nunca vi nada assim nos meus 25 anos de profissão no corpo de bombeiros”, afirmou o capitão dos bombeiros de Los Angeles, Adam Vangerpen, à CBS, nesta quinta-feira. Os bombeiros referem que continuam a lidar com condições extremas e desfavoráveis, incluindo ventos fortes e imprevisíveis e a aridez do terreno.

Robert Luna, chefe da polícia do condado de Los Angeles, alerta para uma provável subida do número de vítimas mortais. "Infelizmente, acho que o número de mortes vai aumentar. Espero estar errado, mas acho que vai aumentar", disse, citado pelo britânico The Guardian.

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As condições meteorológicas aumentam o risco de incêndio e deverão permanecer desfavoráveis até sexta-feira à noite. Mais de 400 mil pessoas no estado da Califórnia estão sem electricidade por causa dos incêndios.

“É seguro dizer que o fogo de Palisades é um dos desastres naturais mais destrutivos na história de Los Angeles”, referiu a comandante dos bombeiros da cidade de Los Angeles, Kristin Crowley, na mesma conferência de imprensa desta quinta-feira. As chamas deste incêndio consumiram quase 7000 hectares e o fogo não está “de todo” controlado. Kristin Crowley referiu que os bombeiros continuam a combater vários focos de incêndio em Los Angeles e que as condições meteorológicas se mantêm severas, ainda que a melhorar.

Segundo o jornal Los Angeles Times, a situação melhorou em Hollywood: os bombeiros conseguiram fazer avanços significativos no combate ao incêndio conhecido como “Sunset fire”. “É um milagre que nenhuma casa tenha ardido aqui”, afirmou um bombeiro ao jornal.​ A mayor de Los Angeles, Karen Bass, referiu no ponto de situação desta quinta-feira que os ventos “sem precedentes” dificultaram o combate aéreo aos fogos. No entanto, a situação melhorou nas últimas horas e permitiu “progressos significativos contra os incêndios em Hollywood e Studio City”.

Os bombeiros de Los Angeles anunciaram nesta quinta-feira que a ordem de evacuação em Hollywood Hills deixou de estar em vigor ao amanhecer, às 7h30 locais (15h30 em Portugal continental). A zona foi reaberta e os residentes podem agora regressar às suas casas, ainda que as autoridades peçam cuidado no regresso. Inicialmente, a zona ameaçada abrangia alguns dos marcos mais emblemáticos de Los Angeles, incluindo o letreiro de Hollywood e o TCL Chinese Theatre em Hollywood Boulevard.

As autoridades tinham ordenado aos moradores do bairro histórico de Hollywood, no Sudoeste dos EUA, que abandonassem as suas casas, depois de um novo incêndio ter deflagrado a centenas de metros da Hollywood Boulevard. A Sunset Boulevard, uma das avenidas mais populares do país, estava em "ruínas".

Os bombeiros trabalham para extinguir as chamas enquanto o incêndio arde em Pasadena, Califórnia, EUA, a 7 de Janeiro Mario Anzuoni / REUTERS
Um bombeiro enfrenta as chamas do incêndio, enquanto ventos fortes que alimentam fogos florestais devastadores na área de Los Angeles forçam as pessoas a evacuar, no bairro de Pacific Palisades, na zona oeste de Los Angeles, Califórnia, EUA, a 8 de janeiro Daniel Cole / REUTERS
Os restos de uma estrutura queimada, enquanto uma bandeira americana ainda se ergue, no bairro de Pacific Palisades, a 8 de janeiro de 2025 Daniel Cole / REUTERS
Pessoas abraçam-se enquanto evacuam após incêndio de Eaton em Altadena David Swanson / REUTERS
Carros queimados num terreno destruído pelo incêndio florestal de Eaton em Altadena, 8 de janeiro CAROLINE BREHMAN / EPA
Os bombeiros combatem o incêndio de Palisades enquanto arde durante uma tempestade de vento Ringo Chiu / REUTERS
Estruturas queimadas em ruínas, enquanto os ventos fortes que alimentam os incêndios devastadores na área de Los Angeles obrigam as pessoas a evacuar, no bairro de Pacific Palisades Daniel Cole / REUTERS
Uma tartaruga foge aos fogos de Eaton David Swanson / REUTERS
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Os bombeiros trabalham para extinguir as chamas enquanto o incêndio arde em Pasadena, Califórnia, EUA, a 7 de Janeiro Mario Anzuoni / REUTERS

Apesar das melhorias em Hollywood, pelo menos três dos cinco grandes incêndios que continuam activos na zona de Los Angeles estão “totalmente descontrolados”, admitem as autoridades locais. O fogo de Palisades, entre Santa Mónica e Malibu, e o fogo de Eaton são já os mais destrutivos da história de Los Angeles, refere a agência Reuters. As autoridades temem que o número de mortes venha a aumentar.

Nuvens negras de fumo tapam o sol em grandes extensões da cidade e caem cinzas mesmo a vários quilómetros das zonas afectadas. Várias escolas foram encerradas e alguns centros recreativos foram transformados em abrigos para os que tiveram de ser retirados.

De acordo com o The Guardian, o departamento de água e electricidade de Los Angeles emitiu um aviso aos residentes de Pacific Palisades no qual os instruiu a utilizar apenas água da torneira fervida ou água engarrafada para beber, devido à baixa pressão da água e à potencial contaminação do abastecimento. Um aviso semelhante foi emitido também em Pasadena.

Biden a caminho de Los Angeles

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cancelou uma visita oficial a Itália, marcada para esta sexta-feira, devido aos incêndios florestais que assolam Los Angeles, anunciou a Casa Branca. Nesta quinta-feira, o Presidente disse que tinha recebido informações sobre o incêndio e que em breve falaria ao país.

Biden, que viajou para Los Angeles na quarta-feira para se reunir com os serviços de emergência, "tomou a decisão de cancelar a sua próxima viagem a Itália para se concentrar na gestão da resposta federal geral nos próximos dias", disse a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean.

O Presidente democrata deveria estar em visita a Itália até 12 de Janeiro, naquela que seria provavelmente a última viagem ao estrangeiro antes de o seu sucessor, o republicano Donald Trump, regressar à Casa Branca, a 20 de Janeiro.

Alguns portugueses que vivem em Los Angeles tiveram de ser retirados e estão em casa de amigos. Outros estão em alerta porque vivem perto das zonas onde os fogos lavram. Devido aos alertas sobre a má qualidade do ar, muitas crianças e jovens estão nestes dias a faltar às aulas.

Foi declarado estado de emergência pelo condado de Los Angeles e pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, que conseguiu luz verde do Presidente, Joe Biden, para obter ajuda federal no combate aos incêndios. “A situação em Los Angeles é altamente perigosa e está em rápida evolução”, disse Newsom, em conferência de imprensa conjunta com Biden.

“A acção rápida do Presidente Biden é uma tremenda ajuda para a Califórnia, à medida que fazemos tudo o que podemos para proteger os residentes com recursos federais, locais e estaduais significativos”, acrescentou.

Os bombeiros não conseguiram ainda conter os fogos, que estão com um percurso imprevisível devido aos ventos fortes — os piores desde 2011 —, que chegaram a atingir 160 quilómetros por hora.

Os incêndios que estão a devastar a paisagem árida de Los Angeles, no estado da Califórnia, são o mais recente exemplo de fenómenos climáticos extremos, que deverão acontecer com mais frequência à medida que as temperaturas globais continuarem a subir, alertam os cientistas. Nos últimos anos, o estado da Califórnia tem vindo a registar incêndios cada vez mais intensos, com uma maior área ardida devido às condições de seca e às alterações das tendências meteorológicas.