Ferramenta de Inteligência Artificial da Apple inventa informação nas notificações de notícias

“Luigi Mangione suicida-se” e “Rafel Nadal é gay” foram alguns dos alertas, com informação falsa e com o logo da BBC, emitidos pela ferramenta da Apple.

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Nos modelos de iPhone mais recentes foi lançada, em Dezembro, uma ferramenta com recurso a Inteligência Artificial (IA) Regis Duvignau / REUTERS
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Uma ferramenta da Apple que aglomera a informação de notificações de notícias vai ser actualizada depois de ter emitido alertas com informação falsa, principalmente da BBC, avança a lesada.

Nos modelos de iPhone mais recentes (16, 15 Pro e 15 Pro Max), bem como em alguns iPads e Macs, foi lançada, em Dezembro, uma ferramenta com recurso a Inteligência Artificial (IA) que pretende aglomerar a informação recebida de várias notificações ou alertas, nomeadamente de jornais, numa só.

A BBC avançou em Dezembro com uma queixa formal depois de algumas notificações com o logo do órgão de comunicação britânico avançarem informações falsas e contraditórias face ao conteúdo da respectiva notícia. Na realidade, a notificação que avançava que Luigi Mangione, acusado do homicídio do CEO da UnitedHealthCare Brian Thompson, se tinha suicidado, era uma interpretação falsa do sistema Apple Intelligence.

Em Novembro, desta vez ao aglomerar notificações do New York Times, a ferramenta anunciou que Benjamin Netanyahu tinha sido preso. Mais uma vez, informação falsa.

Também no dia 3 de Janeiro, a IA da Apple voltou a "alucinar". Desta vez, emitiu uma notificação, novamente com o logo da BBC, em que se lia que o tenista Rafael Nadal tinha assumido ser homossexual.

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Uma das notificações com informação falsa DR

Depois dos sucessivos erros, a BBC, citada pelo The Guardian, afirmou que "os resumos de IA da Apple não reflectem, e em alguns casos contradizem [o conteúdo da notícia]. É fundamental que a Apple resolva urgentemente estas questões, uma vez que a exactidão das nossas notícias é essencial para manter a confiança".

À BBC, a gigante tecnológica explicou que as "funcionalidades da Apple Intelligence estão em fase beta e estamos continuamente a fazer melhorias com a ajuda do feedback dos utilizadores". No mesmo comunicado, garantiram efectuar "nas próximas semanas" uma actualização do software.

No entanto, a actualização será feita no sentido de "esclarecer melhor quando o texto apresentado é um resumo fornecido pela Apple Intelligence" e há quem não esteja contente com a solução. O National Union of Journalists (sindicato dos jornalistas do Reino Unido e Irlanda, sigla NUJ), bem como os Repórteres Sem Fronteiras (RSF), querem que a Apple elimine a funcionalidade por completo.

“A Apple deve agir rapidamente, removendo a Apple Intelligence para garantir que esta não desempenha nenhum papel na contribuição para a desinformação já prevalecente e causando danos ao jornalismo online. Numa altura em que o acesso a informações rigorosas nunca foi tão importante, o público não deve ser colocado numa posição de dúvida sobre a exactidão das notícias que recebe”, explicou a secretária geral do NUJ, Laura Davison.

Vincent Berthier, director do departamento de tecnologia e jornalismo dos RSF, tem a mesma opinião: “Os serviços de IA generativa ainda são demasiado imaturos para produzir informação fiável para o público. A Apple está a transferir a responsabilidade para os utilizadores, que, num cenário de informação já de si confuso, deverão verificar se a informação é verdadeira ou não”.

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