O gaúcho que ajudou a revolucionar o marketing imobiliário em Portugal

Há 18 anos em território luso, Vinícius de Carvalho trouxe inovações que ajudaram a Porta da Frente Christie’s a ter protagonismo no mercado imobiliário de luxo.

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Vinícius de Carvalho (e) e sua equipe de marketing: mercado imobiliário de luxo está em alta Divulgação
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A busca pela experiência de morar no exterior e de um lugar melhor para a família fez com que o gaúcho Vinícius de Carvalho decidisse deixar o Brasil para buscar um espaço em Portugal. “Minha esposa ficou grávida do primeiro filho, e eu tinha esse desejo de ir para fora do Brasil, de ter essa experiência. Se não fosse naquele momento, seria muito difícil depois, com um bebê”, conta.

À época, ele era proprietário de uma agência de marketing no Brasil. “Tinha uma agência de marketing e publicidade que atendia contas em todo o país. Fiz um acordo com meu sócio, que comprou minha parte da agência”, conta Carvalho.

Em 2016, já em Portugal, ele passou a trabalhar na Porta da Frente Christie’s, onde hoje é diretor de marketing. “O desafio que me foi apresentado era o de ajudar a evoluir e melhorar o departamento de marketing que já existia, mas era muito pequeno. Deixei de ter uma agência para trabalhar dentro do cliente”, lembra.

Foi o período de mudança da forma de trabalhar no mercado imobiliário. “O marketing passou a ser mais criativo, mais apelativo. Ou seja, não bastava apenas fazer uma brochura. Era preciso ser multiplataforma. Em um lançamento, não bastava fazer um estande, colocar umas bandeiras. Essa fórmula já não funciona. É preciso usar a Internet, pensar na internacionalização. Acho que há uma mudança geracional nessa área”, exemplifica Carvalho.

As mudanças exigiram uma adaptação da empresa. “A área de marketing existia, mas era pequena, um pouco lateral aos processos. Hoje, é uma peça estratégica, fundamental para o negócio. Está muito consolidada, temos, atualmente, uma equipe de 12 pessoas”, diz o executivo.

Receitas cresceram

Carvalho conta que o investimento em marketing era marginal há oito anos e, hoje, chega a 15% do faturamento da empresa. “Temos, agora, uma área especializada em design, uma especializada em performance em marketing, outra para mídia e produção de conteúdo e uma só para eventos”, detalha.

“A Porta da Frente Christie’s faturava de 6 milhões a 7 milhões de euros (R$ 38 milhões a R$ 44,4 milhões) por ano. Hoje, as receitas estão na casa dos 18 milhões a 20 milhões (R$ 114 milhões a R$ 127 milhões). Obviamente, parte disso é porque o mercado cresceu muito”, assegura Carvalho.

Uma das inovações que o departamento de marketing trouxe foi a introdução de um novo software de gestão voltado para a área imobiliária. “Antigamente, era usado um software proprietário. Fomos a primeira mediadora em Portugal a usar o novo programa. Foi uma iniciativa que nasceu dentro do departamento de marketing. Hoje, quase todas as mediadoras migraram para ele. Tanto que não havia uma solução adaptada para a realidade imobiliária portuguesa”, diz.

Uma das vantagens desse software é a possibilidade de separar os clientes potenciais dos curiosos. “Antes, no relatório, aparecia que havia umas 500 consultas, mas, na realidade, das pessoas que de fato tinham interesse potencial num produto eram umas 100. O programa faz uma pré-qualificação, e isso ajuda muito, porque conseguimos ter resultados de uma forma mais eficiente. Assim, os consultores conseguem fazer um trabalho mais efetivo”, assinala o executivo.

Carvalho explica o que chama de curiosos. “É a pessoa que vê que vão construir um prédio ao lado da casa dela e quer saber como vai ser, outro que só quer saber quanto custa. Isso toma tempo dos consultores”, frisa.

Sem bolha

Carvalho nega que exista hoje uma bolha imobiliária em Portugal. “Primeiro, se tivesse uma bolha, já teria estourado. Depois, o modelo de negócios do mercado imobiliário português não é baseado em crédito futuro, o que caracteriza as bolhas imobiliárias”, assegura.

Na opinião dele, quem fala em bolha não tem uma visão mais ampla do mercado. “Uma coisa que as pessoas se esquecem é que Portugal tinha uma defasagem imobiliária no valor dos imóveis, comparado ao resto da Europa. Como cidade de turismo de luxo, os preços em Cascais estavam muito atrasados, e a valorização é normal. Acho que, agora, o mercado vive uma fase que é de estabilização, mas ainda há muito espaço para crescimento no seguimento de luxo”, acredita.

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