Bolsonaro convidado para tomada de posse de Trump, mas tem passaporte confiscado
Ex-Presidente brasileiro disse estar “honrado em receber o convite” e avançou que o seu advogado já solicitou a devolução do passaporte para que se possa deslocar para aos EUA.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro confirmou esta quarta-feira que foi convidado para a cerimónia de tomada de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acontecerá a 20 de Janeiro, e que está a tentar que o seu passaporte, confiscado no ano passado por causa da investigação sobre uma tentativa de golpe de Estado em 2023, lhe seja devolvido.
Condenado em 2023 por abuso de poder e por utilização indevida de meios de comunicação e eventos de Estado para disseminar informações falsas sobre o sistema de eleitoral do país, Bolsonaro foi impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de concorrer a cargos políticos até 2030. Para além disso, está a ser investigado por conspiração para organização de um golpe de Estado para se manter no poder, depois de ter perdido as eleições presidenciais de 2022, em disputa com o actual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
Parte da investigação foca-se no papel de Bolsonaro e dos seus aliados no processo pós-eleitoral que culminou com a invasão das sedes do Congresso, da Presidência e do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 8 de Janeiro de 2023, em Brasília, por apoiantes seus. Dessa investigação resultou o confisco do passaporte de Bolsonaro, na sequência das buscas que a Polícia Federal levou a cabo na sua casa em Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro, em Fevereiro de 2024.
O convite para a cerimónia foi confirmado por Bolsonaro na sua conta no X (antigo Twitter) e pelo seu assessor, Fabio Wajngarten, que disse à Reuters que o ex-Presidente está disposto a viajar para estar presente na tomada de posse de Trump. Bolsonaro disse estar "honrado em receber o convite" e avançou que o seu advogado, Paulo Bueno, já solicitou a Alexandre de Moraes, Ministro do Supremo Tribunal Federal, a devolução do seu passaporte para que se possa deslocar para os EUA.
Mas à agência Reuters, Rubens Beçak, professor de direito da Universidade de São Paulo, disse que é improvável que os tribunais brasileiros dêem luz verde ao pedido do ex-Presidente. "Há vários inquéritos e processos em tribunal contra ele e o que motivou a retenção do passaporte foi precisamente evitar uma possível fuga", disse. O gabinete de Trump não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Numa entrevista à Folha de S. Paulo em Novembro, Bolsonaro disse acreditar que a vitória de Trump nas eleições presidenciais nos Estados Unidos representa um “passo importantíssimo” para as suas próprias ambições de se voltar a candidatar à Presidência do Brasil em 2026. “É igual a uma caminhada de mil passos, você tem que dar o primeiro, tem que dar o décimo. E [a vitória de] Trump é um passo importantíssimo”, disse o ex-chefe de Estado brasileiro.