Ataques israelitas matam dezenas de pessoas em Gaza durante negociações de cessar-fogo
Conflito prossegue, apesar de haver esperança de um acordo até à tomada de posse de Donald Trump em Washington no dia 20. Hospitais de Gaza em risco de fechar devido à falta de combustível.
Uma série de ataques israelitas matou dezenas de pessoas na Faixa de Gaza nesta quarta-feira, numa altura em que as negociações para um possível cessar-fogo continuam no Qatar. Fontes médicas palestinianas disseram que um ataque aéreo matou pelo menos dez pessoas numa habitação de vários andares no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza.
Já em cidade de Deir Al-Balah, na zona central da Faixa de Gaza, onde centenas de milhares de palestinianos deslocados vivem em abrigos, e em Jabalia, o maior dos oito campos de refugiados históricos de Gaza, morreram um total de sete pessoas. As forças armadas israelitas alegam que atingiram um edifício escolar em Jabalia onde estavam combatentes do Hamas, e que tomaram medidas para minimizar o risco para os civis.
Enquanto Israel prossegue os bombardeamentos, os Estados Unidos, o Qatar e o Egipto continuam a envidar esforços intensos para chegar a um acordo de cessar-fogo, tendo uma fonte próxima das negociações afirmado que esta é a tentativa mais séria de chegar a um compromisso até à data. A administração cessante dos EUA apelou a um esforço final para que se alcançasse um acordo antes de o Presidente Joe Biden deixar o cargo, a 20 de Janeiro, e muitos na região vêem a tomada de posse do Presidente eleito Donald Trump como um prazo não oficial para a conclusão das negociações.
"As coisas estão melhores do que nunca, mas ainda não há acordo", disse uma fonte à Reuters. O enviado de Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff, disse esta terça-feira que esperava ter boas notícias sobre os reféns israelitas detidos antes da tomada de posse de Trump como Presidente. Um acordo envolveria também a libertação de palestinianos detidos em prisões israelitas.
Enquanto as conversações prosseguiam nesta quarta-feira, as forças armadas israelitas anunciaram ter recuperado o corpo do refém israelita Youssef Al-Ziyadna, juntamente com provas que ainda estavam a ser examinadas e que sugeriam que o seu filho Hamza, levado no mesmo dia, também poderia estar morto. "Continuaremos a envidar todos os esforços para resgatar todos os nossos reféns, vivos e mortos", afirmou o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, em comunicado.
Hospitais ameaçados
O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que o Hospital Nasser e o Hospital Europeu de Gaza poderão deixar de funcionar dentro de algumas horas, a menos que Israel deixe de restringir o abastecimento de combustível a estas instalações. Posteriormente, o ministério afirmou ter recebido uma reduzida quantidade de combustível que adiaria a paragem total das operações dos dois hospitais até quinta-feira.
A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras confirmou que estes dois hospitais, e também o Hospital Al-Aqsa, estavam em risco de colapso por falta de combustível, ameaçando a vida de centenas de pacientes, incluindo de bebés recém-nascidos. Israel nega ter impedido a entrega de ajuda humanitária a Gaza, e afirma ter facilitado o trânsito de centenas de camiões carregados de alimentos, água, material médico e equipamento de abrigo durante a última semana.
Israel e o Hamas acusam-se mutuamente de bloquear um acordo de cessar-fogo e de troca de reféns. Na terça-feira, o Hamas manteve a sua exigência de que só libertaria os restantes reféns se Israel concordasse em acabar com a guerra e retirar todas as suas tropas de Gaza. Israel diz que não terminará as operações militares enquanto o Hamas não for desmantelado e todos os reféns não forem libertados.