O Rali Dakar é uma luta permanente mas tenho uma meta: chegar ao final

“Preciso mesmo de repor energias e recuperar tantas horas de sono perdidas”, confessa Maria Luís Gameiro. A crónica da piloto sobre a quarta etapa, esta quarta-feira.

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Esta quinta-feira há mais uma etapa a pedir cautelas PAVOL TOMASKIN
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  • Maria Luís Gameiro está a participar no Rali Dakar na Arábia Saudita e vai relatando na Fugas a sua experiência em cada etapa

Face à catadupa de problemas que tivemos até aqui, esta quarta etapa (sexto dia de prova) acabou por resultar numa subida na classificação na minha categoria e isso é sempre positivo. Em certas zonas, conseguimos andar relativamente bem, mas a verdade é que o fizemos sempre com muitas cautelas.

Acabámos no 35º lugar na etapa, mas não tenho dúvidas nenhumas de que este não é o meu lugar.

Sinto-me permanentemente a procurar um equilíbrio difícil de encontrar. Quero andar e sei que posso fazê-lo, mas temo que um qualquer percalço me coloque fora de prova, com uma avaria sem solução. Esta é uma luta permanente.

Fui, uma vez mais, penalizada pela posição na estrada. Quando arrancámos já tinham passado pelo percurso umas centenas de carros e motos e as pistas ficaram muito degradadas. `

É fácil cometer os erros que tenho cometido. Mesmo sem andar nos limites, furar, partir uma suspensão ou outro tipo de “maleitas” que têm apoquentado o meu carro são uma consequência natural de uma posição na estrada que é tudo menos agradável. A verdade é que depois tudo se torna numa “bola de neve”, mais problemas equivalem a mais atrasos, que por sua vez geram outros problemas. Enfim, é isto o Dakar.

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Somos a 38ª equipa na categoria Challenger, mas este pelotão que tido imensas baixas, isto porque esta primeira metade da prova tem sido arrasadora.

Continuo cheia de vontade de correr e muito motivada. Por maiores que sejam as dificuldades, penso sempre que tenho que chegar ao final. Cansada, e em certas alturas muito stressada, mas sem perder o foco. Isto é a minha maneira de encarar os desafios.

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Hoje estamos sozinhos no acampamento, já que esta é a etapa Maratona. Assim, na altura em que os leitores do PÚBLICO leem estas linhas, eu e o José Marques estaremos acompanhados apenas pelo saco da ferramenta e a fazer o melhor que sabemos da maneira mais célere possível para termos o carro em condições para a próxima etapa.

Amanhã vamos voltar a ter areia, mas sabemos que esta não cobre toda a etapa. Vamos voltar a ter pistas rápidas, mas também com muita pedra. Portanto, mais uma etapa a pedir cautelas.

Terminar a tirada de amanhã significa chegar ao dia de descanso, sexta-feira. Confesso, estou ansiosa. Preciso mesmo de repor energias e recuperar tantas horas de sono perdidas. Chegar à etapa de descanso será, por si só, mais uma vitória. Tenho vindo a ganhar batalhas e chegar a Hail será bastante importante. A “guerra”, porém, está longe de estar ganha!

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A autora escreve segundo o acordo ortográfico

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