PCP defende Conselho de Estado sobre desigualdades e não sobre segurança

O líder do PCP afirma que a maior “insegurança” das pessoas é a financeira e apela a que a preocupação do Governo seja a de aumentar salários.

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Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, participou na recolha de assinaturas para um abaixo-assinado em defesa do aumento dos salários e pensões Daniel Rocha
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O secretário-geral do PCP defendeu esta terça-feira a necessidade de um Conselho de Estado sobre as desigualdades e não sobre segurança nacional, avisando que a "maior insegurança" das pessoas está no seu vínculo laboral e nos baixos salários.

Em declarações aos jornalistas à porta da empresa Bimbo, em Mem-Martins, Sintra, Paulo Raimundo foi questionado sobre a proposta de realização de um Conselho de Estado sobre a temática da segurança nacional, como pediu o líder do Chega, André Ventura, ao Presidente da República.

"Nós precisamos é de um Conselho de Estado para discutir o problema da injustiça, da desigualdade e dos salários e das pensões. Esse sim é o grande tema da agenda, a que é preciso dar resposta, e é curioso que, para já, sejamos os únicos a falar disso", respondeu o secretário-geral do PCP.

Para Paulo Raimundo, "a vida da maioria está difícil e a maior insegurança das pessoas não está na percepção da insegurança, está na insegurança do seu vínculo laboral, do seu baixo salário, de chegar ao final do mês porque a pensão não chega, na insegurança de ir a uma urgência e não ter médico para responder".

"Essa é a maior insegurança que o nosso povo e a maioria enfrentam. É essas que é preciso resolver e é nisso que nós estamos profundamente empenhados", afirmou o secretário-geral do PCP.

Paulo Raimundo falava aos jornalistas durante uma acção de recolha de assinaturas, no âmbito da acção nacional do PCP intitulada "Aumentar salários e pensões, por uma vida melhor", para um abaixo-assinado que pede o aumento dos salários e das pensões e que será entregue ao primeiro-ministro, Luís Montenegro.

Paulo Raimundo acusou Montenegro de estar "sempre a apontar para amanhã" e a alegar que "é preciso criar riqueza hoje para amanhã distribuir", mas esquecer que "é a riqueza que está a ser criada hoje que é preciso distribuir".

"Nós não podemos encher a boca com "ai, ai a pobreza que é verdadeira, ai ai as injustiças que são verdadeiras" e depois aqueles que trabalham, aqueles que põem o país e a economia a funcionar, não terem melhores salários", afirmou.

O secretário-geral do PCP frisou que o novo ano começou com aumento dos preços na alimentação, nos combustíveis, electricidade e habitação, referindo que, só na alimentação, registou-se uma subida de preços de "cerca de 27%" nos últimos três anos.

"Eu questiono qual foi a média de salários que acompanhou essa evolução. Não foi nenhuma. E é preciso responder a isso, essa é que é a questão fundamental", sustentou. Questionado sobre se o PCP mantém que o salário mínimo nacional deve ser aumentado para 1000 euros este ano, Raimundo disse que isso é "uma evidência".

"É preciso um choque salarial que eleve de forma significativa as condições de vida", defende, considerando que são necessários salários que garantam uma melhor distribuição da riqueza e que permitam que a população consiga lidar com o aumento dos preços.

"Aqueles que enchem a boca com os amanhãs que nunca virão, gostava que vivessem um mês com 870 euros brutos e gerir a vida com 870 euros brutos para verem o quanto é urgente aumentar todos os salários e o salário mínimo para 1000 euros", referiu.