Líderes europeus alertam que Musk é um perigo para a democracia

Elon Musk foi criticado pela Comissao Europeia e por líderes europeus como Emmanuel Macron, Jonas Gahr Støre e Keir Starmer. Políticos falam de uma interferência do milionário na democracia europeia.

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O multimilionário, que fará parte da administração Trump, chamou “tolo” ao actual chanceler alemão, Olaf Scholz Carlos Barria / REUTERS
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Vários líderes europeus manifestaram nesta segunda-feira, 6 de Janeiro, críticas ao magnata norte-americano Elon Musk e lançaram alertas por considerem que o dono da rede social X representa um perigo para a democracia, ao interferir na política de países como a Alemanha.

Musk, que é também conselheiro do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou o apoio à candidata a chanceler do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, para as próximas eleições neste país.

O multimilionário, que fará parte da administração Trump, chamou “tolo” ao actual chanceler alemão, Olaf Scholz, e “tirano antidemocrático” ao Presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, entre outros excessos verbais contra os políticos europeus.

A Comissão Europeia (CE) insistiu que Musk tem direito à liberdade de expressão, mas avisou que irá analisar qualquer risco para a democracia face às próximas eleições na Alemanha ao abrigo da Lei dos Serviços Digitais da UE. “Existem certos limites, especialmente quando uma plataforma é utilizada [de forma abusiva] neste contexto”, sublinhou o porta-voz da comunidade, Thomas Regnier.

O magnata anunciou na sua rede social a realização, na quinta-feira, de uma entrevista em directo com Weidel, que considera ser a única capaz de “salvar a Alemanha”.

O Presidente francês Emmanuel Macron acusou, por sua vez, Musk de “apoiar uma nova onda internacional reaccionária” e de interferir nas eleições de outros países, como a Alemanha. Macron alertou ainda que as grandes empresas tecnológicas, embora ofereçam novas possibilidades, estão a fazer com que os Estados se sintam ameaçados pelo seu crescente poder.

Também o primeiro-ministro norueguês, Jonas Gahr Støre, manifestou preocupação com os recentes comentários do multimilionário da tecnologia Elon Musk sobre a situação política na Alemanha e noutros países. Acho preocupante que um homem com um enorme acesso às redes sociais e com grandes recursos económicos se intrometa tão directamente nos assuntos internos de outros países. Não é assim que deve ser entre democracias e aliados, vincou Støre à televisão pública norueguesa NRK.

O líder do Partido Liberal Alemão (FDP) e ex-ministro das Finanças, Christian Lindner, admirador do multimilionário, acusou o dono da X, da Tesla e da SpaceX, de querer “gerar o caos” e “enfraquecer” o país da Europa Central apoiando a extrema-direita.

Musk atacou ainda políticos britânicos, como o primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer, a quem acusou no X de ser culpado de crimes terríveis contra o povo britânico por não investigar violações em massa no Reino Unido quando era chefe do Ministério Público. Também atacou a vice-ministra britânica dedicada à protecção e violência contra mulheres e raparigas, Jess Phillips, a quem descreveu como uma apologista do genocídio por violação e disse que deveria ser presa pela sua rejeição do pedido de um inquérito público sobre gangues.

O primeiro-ministro britânico defendeu Phillips daqueles que “espalham mentiras e desinformação”, numa referência aos ataques verbais de Musk. Aqueles que estão a espalhar mentiras e desinformação o mais longe possível não estão interessados nas vítimas, apontou.

Musk questionou ainda o líder do partido britânico de extrema-direita Reform UK, Nigel Farage, destacando que este não está qualificado para continuar no cargo.