Nascido na Póvoa de Varzim a 25 de Novembro de 1845, Eça de Queiroz é autor de alguns dos mais notáveis romances portugueses do século XIX, como O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, A Relíquia ou Os Maias, a sua obra-prima. Pioneiro do romance realista e grande renovador da ficção portuguesa, os seus livros oferecem um retrato fiel, mas simultaneamente crítico e mordaz, da sociedade do seu tempo.
Eça formou-se em Direito em Coimbra, onde conheceu outros representantes da Geração de 70, incluindo Antero de Quental, um dos autores envolvidos na criação colectiva dos poemas de Carlos Fradique Mendes, divulgados na imprensa em 1869. Com Ramalho Ortigão, publicou depois O Mistério da Estrada de Sintra e as crónicas satíricas de As Farpas.
Em 1872, Eça iniciou a sua carreira diplomática, tendo ocupado o posto de cônsul sucessivamente em Havana, Newcastle, Bristol e Paris. Carlos Reis, especialista na sua obra, observa que o facto de o escritor ter passado boa parte da sua vida fora de Portugal o levou a “vive[r] essa ausência como estímulo e até como condição privilegiada para lançar sobre ambas – a pátria e a língua – um olhar crítico e potencialmente regenerador, como nenhum outro houve na nossa história cultural”.
Eça morreu a 16 de Agosto de 1900, na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris, onde ocupou o seu último posto consular. Teve um funeral de Estado e foi sepultado no Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa. Em 1989, os seus restos mortais foram trasladados para um jazigo de família no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião, perto da Casa de Tormes, onde se situa a sua fundação. A sua entrada no Panteão, esta quarta-feira, não foi isenta de controvérsia, quer em Baião, que não gostou de perder para Lisboa os restos mortais do grande escritor, quer na própria família, com alguns herdeiros de Eça a criticarem publicamente a decisão.