Maria Luís Gameiro: Resultado fraco, mas aproveita-se a exibição
“Estamos num ‘limbo’ entre performance e gestão do material”, escreve a piloto depois de uma etapa de Rali Dakar com muitos problemas. “Não há fórmula perfeita para encarar cada etapa”.
- Maria Luís Gameiro está a participar no Rali Dakar na Arábia Saudita e vai relatando na Fugas a sua experiência em cada etapa
Ainda não foi desta que conseguir fazer uma etapa “limpa” neste Dakar 2025, Esta terça-feira foi um dia repleto de problemas no carro, o que não apenas nos deixou parados, perdendo mais umas horas, mas que acabou mesmo por interromper o andamento que estávamos a imprimir e que antes do quilómetro 100 nos colocava no 23º lugar entre os Challenger no Rali Dakar... Podíamos ter garantido hoje um “grande” resultado.
Afinal não fomos além do 43º lugar, numa etapa onde – diga-se – não fomos dos mais penalizados!
Mas – sabemos bem - tudo o que é bom acaba (demasiado) depressa. O carro parou, voltámos a perder muito tempo e tudo isto acaba por se refletir na forma como enfrentamos os desafios diários que vão surgindo: paramos e por isso chegamos muito tarde ao bivouac (acampamento), com isso descansamos muito menos do que o corpo e a cabeça precisam. O cansaço acumula-se e no dia seguinte há mais uma etapa para cumprir, com mais desafios e mais adversidades.
É difícil fazer uma gestão do esforço. Por um lado, as dificuldades não abrandam, mas por outro tenho que me focar na corrida e manter o espírito em alta. Acima de tudo, tentar não desanimar.
Hoje lembrei-me do quão caricato foi o episódio de uma equipa parar junto a nós quando atascámos, mas cujos elementos decidiram “aliviar e bexiga” e fazer um lanchinho antes de nos puxarem... Hoje nada houve de caricato. Só altamente enervante.
Fisicamente, sinto que estou preparada para tudo e o maior esforço é o de tentar não desanimar. E tenho conseguido! Devo mesmo confessar que o momento da partida para cada especial continua a ser de emoção e de muita adrenalina.
Por outro lado, tenho pena que os problemas que temos tido no carro não permitam que desfrute mais. Temos passado por sítios lindos. As especiais têm muitas zonas verdadeiramente espetaculares, mas que, com tanta adversidade, nem consigo “gozar”.
Estamos num “limbo” entre performance e gestão do material. Nada disto é fácil. Nada disto é óbvio e não há fórmula perfeita para encarar cada etapa.
Pelo que me foi dado saber, esta quarta-feira (etapa maratona) vai trazer uma radical mudança de paisagem. Vamos entrar numa zona vulcânica, mais montanhosa e, também já sei, repleta de armadilhas. O próximo “prato” tem menos areia, mas mais pedra!
A autora escreve segundo o acordo ortográfico
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