Luis Ferreira Alves dá nome a um novo prémio de fotografia de arquitectura
Concurso internacional visa o olhar contemporâneo sobre esta disciplina, de que o fotógrafo foi um pioneiro. Terá periodicidade bienal, e as obras devem ser candidatadas até ao dia 25 de Abril.
“O Luis Ferreira Alves, quando fotografa, responde a uma encomenda precisa, produz a documentação pedida e oferece quase sempre uma mais-valia pessoal com um sabor humorístico.” É com esta citação de Eduardo Souto de Moura que esta terça-feira será apresentada, num comunicado online, a primeira edição do Concurso Internacional de Fotografia Luis Ferreira Alves.
Com o subtítulo “Um olhar contemporâneo sobre a arquitectura”, a iniciativa visa homenagear este pioneiro da fotografia de arquitectura em Portugal, que desapareceu em 2022, deixando uma obra que permite um olhar de conjunto sobre a arquitectura portuguesa da segunda metade do século XX e início do século XXI, com particular atenção aos nomes cimeiros da chamada Escola do Porto, nomeadamente Álvaro Siza, Pedro Ramalho e Eduardo Souto de Moura.
O novo concurso, de periodicidade bienal, aceita candidaturas até ao próximo dia 25 de Abril, estando o anúncio dos premiados agendado para Junho, depois da divulgação, em Maio, da lista de pré-seleccionados.
As obras concorrentes – um conjunto de cinco a sete imagens – serão avaliadas por um júri de cinco elementos, dos quais são já conhecidos os nomes de Souto de Moura (amigo pessoal de Luis Ferreira Alves, e cuja arquitectura foi por várias vezes objecto da sua câmara fotográfica), o fotógrafo Paulo Catrica e a fotógrafa suíço-francesa Hélène Binet, radicada em Londres. Por designar estão ainda um representante do Ministério da Cultura e “uma personalidade ligada à curadoria, direcção de arte ou editorial”, diz o regulamento.
As obras enviadas a concurso candidatam-se a um primeiro prémio no valor de dez mil euros, patrocinado pela marca CIN, um segundo prémio de quatro mil euros, financiado pelo BPI, e um terceiro prémio de equipamento fotográfico da Canon, no valor de 1500 euros.
Um fotógrafo de excelência
Num lançamento também publicitado nos números deste mês das prestigiadas revistas italianas de arquitectura e design Domus e Casabella, explicita-se que o Concurso Internacional de Fotografia Luis Ferreira Alves se propõe “homenagear a pessoa e o trabalho deste fotógrafo de excelência que atravessou a fronteira entre o analógico e o digital, e cuja obra é reconhecida a nível nacional e internacionalmente”.
Lançado pelos herdeiros de Luis Ferreira Alves (1938-2022), promovido e organizado pela Câmara Municipal do Porto, pela Casa da Arquitectura, em Matosinhos, pela associação cultural Cityscopio (co-editora do álbum Luis Ferreira Alves – Fotografias em obras de Eduardo Souto de Moura, 2016), e pela Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, com o patrocínio das marcas atrás referidas e de outras instituições, o novo concurso quer igualmente, através da fotografia, “promover uma compreensão profunda sobre a prática e disciplina da arquitectura em Portugal e no mundo”, além de “comunicar a importante e singular relação que o fotógrafo pode estabelecer com o arquitecto e o seu trabalho”.
A concretização desse objectivo passará, no próximo mês de Setembro, pela apresentação de uma exposição dos trabalhos seleccionados num espaço ainda a determinar, e pela edição do catálogo respectivo.
A segunda edição do concurso decorrerá entre os dias 25 de Abril de 2026 e de 2027.
Nascido em Vila Nova de Gaia, a 25 de Abril de 1938 – de algum modo, premonitoriamente, numa casa desenhada pelo arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira (autor dos edifícios do café A Brasileira e do Clube Fenianos, no Porto, dos Paços do Concelho de Gaia e de vários palacetes no litoral Porto-Espinho) –, Luis Ferreira Alves foi um homem de várias profissões e hobbies, e um activista contra o Estado Novo, antes de se afirmar como fotógrafo, com uma atenção particular à arquitectura, acompanhando o trabalho de gerações sucessivas de arquitectos da Escola do Porto, de Viana de Lima a José Gigante e Agostinho Ricca, além dos já citados, numa carreira que ajudou também a divulgar e afirmar além-fronteiras a arquitectura portuguesa.
O novo concurso internacional de fotografia vem acrescentar-se a dois outros raros concursos no âmbito desta arte, ambos já com história no país: o recém-regressado Prémio Novo Banco Revelação e o Novos Talentos FNAC.