Acesso às urgências: comissão de utentes critica “obrigatoriedade” de ligar para a Linha SNS24
Organismo que representa os utentes do litoral alentejano diz que medida “não resolve os problemas de fundo, apenas agrava o já precário e deficiente atendimento nos diversos serviços de urgência”.
A Comissão de Utentes do Litoral Alentejano criticou nesta segunda-feira “as recentes situações da obrigatoriedade” de qualquer utente ligar para a Linha SNS24 antes de se dirigir a um serviço de urgência hospitalar. Num comunicado enviado às redacções, este organismo defende que a “forma de actuar do Ministério da Saúde, bem como do Governo, é um impedimento, uma limitação, um condicionamento que não vai resolver problema algum”.
Considerando que a medida “faz com que não seja cumprida a Constituição da República da Portuguesa”, uma vez que não é garantido o “direito à Saúde”, os utentes sustentam que “esta atitude não resolve os problemas de fundo, apenas agrava o já precário e deficiente atendimento nos diversos serviços de urgência, dos centros de saúde e também dos hospitais”.
Para esta entidade, que representa os utentes do litoral alentejano, a imposição de um contacto prévio para Linha SNS24 é “uma forma de enganar os utentes, muitas vezes indicados pela Linha SNS24 para diversos serviços de urgência encerrados”.
Recorde-se que o projecto Ligue Antes, Salve Vidas, que pressupõe que os utentes façam um telefonema para a Linha SNS24 antes de se dirigirem a qualquer estabelecimento de saúde, foi amplamente alargado no final de 2024, inclusive aos chamados hospitais “de fim de linha”, como é o caso do Santa Maria, em Lisboa, e do São João, no Porto, por exemplo.
O projecto, que se propõe retirar das urgências os doentes classificados como pouco ou não urgentes (pulseiras verdes e azuis) e encaminhá-los para cuidados de saúde mais adequados, nomeadamente os centros de saúde, aliviando dessa forma a pressão que recai sobre estes serviços, e que foi implementado pela anterior equipa da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS), está actualmente a funcionar em 26 unidades locais de saúde, de acordo com a informação constante do portal da DE-SNS.
A Comissão de Utentes do Litoral Alentejano refere ainda, na mesma missiva, que acções como esta “têm como objectivo esconder as reais dificuldades existentes” e pede a concretização de medidas urgentes, como a atribuição de médico de família a todos os utentes, com a especialidade de Medicina Geral e Familiar, assim como a marcação de consultas nos centros de saúde com mais regularidade.
Além disso, este organismo reivindica a existência de serviços de urgência que funcionem 24 horas por dia “em muitos concelhos”, a contratação de mais profissionais de saúde, a valorização dos salários e das carreiras dos diversos profissionais de saúde, além da melhoria das suas condições de trabalho e, por fim, o cumprimento dos tempos máximos de resposta garantidos.