Coreia do Norte lança míssil durante visita de Antony Blinken a Seul

Depois de ter testado novo arsenal, a Coreia do Norte lançou um míssil a partir dos arredores de Pyongyang em direcção ao mar do Japão. Disparo aconteceu durante a visita de Blinken a Seul.

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Um homem passa por uma televisão que transmite uma notícia sobre o disparo de um míssil balístico pela Coreia do Norte ao largo da sua costa oriental, em Seul, Coreia do Sul Kim Hong-Ji / REUTERS
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A Coreia do Norte lançou, nesta segunda-feira, 6 de Janeiro, um míssil balístico em direcção ao mar do Japão, anunciou o exército sul-coreano, no dia da visita do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, a Seul.

“A Coreia do Norte lançou um míssil balístico desconhecido em direcção ao mar do Leste [o nome dado na península coreana ao mar do Japão]”, informou o Estado-Maior Conjunto (JCS, na sigla em inglês) da Coreia do Sul. O JCS acrescentou que o míssil foi disparado de uma área perto da capital norte-coreana, Pyongyang, mas não revelou mais detalhes por ainda estar a aguardar os resultados de uma análise ao lançamento.

Os militares sul-coreanos reforçaram a vigilância em preparação para possíveis lançamentos adicionais e estão a partilhar informações sobre o míssil com os Estados Unidos e o Japão, acrescentou o JCS.

Este é o primeiro teste de mísseis da Coreia do Norte desde uma salva de mísseis balísticos de curto alcance lançada a 6 de Novembro, poucas horas antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos. Na semana passada, a Coreia do Norte testou aquele que disse ser um novo míssil balístico intercontinental de combustível sólido, o mais avançado do arsenal de Pyongyang.

Também o Ministério da Defesa japonês anunciou, na rede social X, que detectou um lançamento de míssil por parte da Coreia do Norte, que terá caído por volta das 12h12 locais (4h12 em Lisboa) fora da Zona Económica Exclusiva do Japão. O Governo japonês formou uma equipa especial para recolher informações e estudar possíveis danos, disse o porta-voz do executivo, Yoshimasa Hayashi.

Blinken é esperado nesta segunda-feira na Coreia do Sul, em plena crise política no país asiático, anunciaram na sexta-feira Washington e Seul. A visita faz parte de uma digressão, provavelmente a última, que levará Blinken também ao Japão e a França, de acordo com um comunicado do Departamento de Estado norte-americano.

Na Coreia do Sul, lê-se ainda na nota, Blinken pretende “reafirmar a aliança inquebrável” entre os dois países e discutir formas de “reforçar os trabalhos fundamentais para promover uma região do Indo-Pacífico livre, aberta e próspera”.

Blinken vai ser recebido pelo homólogo sul-coreano, Cho Tae-yul, para discutir “a aliança entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, a cooperação entre Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão, as questões relacionadas com a Coreia do Norte e os desafios regionais e globais”, declarou na sexta-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano.

A Coreia do Sul é um aliado crucial de Washington na região, mas o país está mergulhado num caos político desde que o Presidente Yoon Suk-yeol declarou a lei marcial a 3 de Dezembro. Yoon foi destituído pelo Parlamento sul-coreano a 14 de Dezembro e aguarda uma decisão do Tribunal Constitucional até Junho sobre a sua reintegração ou destituição definitiva,

Rússia quer partilhar tecnologia avançada

Tanto Blinken como Cho Tae-yul condenaram o lançamento do míssil pela Coreia do Norte, no momento em que Antony Blinken chegava a Seul. “Condenamos o lançamento de mísseis pela RPDC ainda hoje [segunda-feira], outra violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse Blinken.

O chefe da diplomacia dos EUA disse ainda que a Rússia quer expandir a cooperação espacial com a Coreia do Norte em troca do envio de soldados para ajudar Moscovo a combater as forças ucranianas.

“A RPDC [República Popular Democrática da Coreia, o nome oficial da Coreia do Norte] já beneficia de equipamento e treino militar russo. Hoje, temos razões para acreditar que Moscovo pretende partilhar tecnologias espaciais e de satélite avançadas com Pyongyang”, declarou Antony Blinken.

Tal como a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, em Dezembro, o secretário de Estado norte-americano também afirmou que os Estados Unidos acreditam que a Rússia “talvez esteja prestes” a reconhecer formalmente o estatuto de potência nuclear da Coreia do Norte.