Festival de Clermont-Ferrand com programação completa e mais cinema português
Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, Hora de Mudar, de Pocas Pascoal, e Natureza Humana, de Mónica Lima, são alguns dos filmes que figuram no festival francês dedicado à curta-metragem.
Cinco filmes de produção portuguesa, incluindo dois feitos no pós-revolução do 25 de Abril de 1974, vão ser exibidos no Festival Internacional de Curta-Metragem de Clermont-Ferrand, que decorre entre 31 de Janeiro e 8 de Fevereiro em França.
A poucas semanas do arranque daquele que é considerado o acontecimento mais importante da área da curta-metragem, a organização divulgou esta segunda-feira a programação completa, além das competições já anunciadas anteriormente e onde figuram os filmes Percebes, Bad for a Moment e A Fronteira Azul.
Na secção Perspectivas Africanas está o documentário experimental Hora de Mudar, da realizadora angolana Pocas Pascoal, numa co-produção entre Angola e Portugal sobre colonialismo, capitalismo e biodiversidade.
Pela 47.ª edição do Clermont-Ferrand vão passar também duas curtas-metragens na secção Shorts in History que remetem para o rescaldo do 25 de Abril: Ano 1 - 1º. de Maio (1975), filme assinado pela Unidade de Produção Cinematográfica sobre a primeira celebração do Dia do Trabalhador, e Luta do Povo: Alfabetização em Santa Catarina (1976), pela cooperativa Grupo Zero.
Num programa dedicado a filmes que foram já distinguidos com prémios do público, o festival incluiu Natureza Humana, de Mónica Lima, e Lobo Solitário, de Filipe Melo. Já A Fronteira Azul, de Dinis Costa, está na competição nacional, sendo uma produção francesa com parceria luso-espanhola. Esta curta-metragem narra a chegada de um navio ilegal à costa ibérica "através dos olhos de múltiplas personagens: os migrantes, os que cuidaram deles à chegada, os que os transportaram de Espanha para Calais, aqueles que os observam de um veleiro e a partir da rua", refere a sinopse da produtora Furyo Films.
Na competição internacional do festival vão estar Percebes, de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, e Bad for a Moment, de Daniel Soares, ambos já exibidos e premiados noutros festivais. Percebes, premiado em Annecy em 2024 e candidato a uma nomeação para os Óscares 2025, é um documentário em animação sobre a apanha de percebes e a comercialização deste crustáceo no Algarve, servindo de pretexto para dar voz a quem vive e trabalha na região. No caso da realizadora Laura Gonçalves, será um regresso a Clermont-Ferrand dois anos depois de ter vencido o prémio de Melhor Filme de Animação com O Homem do Lixo (2022).
Bad for a Moment, de Daniel Soares, endereça, através da ficção, questões sociais sobre habitação e a vida nas cidades. Segundo a sinopse, "um evento de team-building corre mal e obriga o dono de um ateliê de arquitectura a encarar a realidade do bairro popular que a sua empresa está a gentrificar".