João Ferreira em sexto lugar após primeira etapa do Dakar 2025
Na classe Challenge, o português Gonçalo Guerreiro foi segundo.
João Ferreira (Mini) foi neste sábado sexto classificado na primeira das 12 etapas da 47.ª edição do Rali Dakar de todo-o-terreno, que arrancou sexta-feira, na Arábia Saudita, e na qual o motociclista luso-germânico Sebastian Bühler (Hero) desistiu e o estreante Gonçalo Guerreiro foi segundo na classe Challenge.
João Ferreira, de 25 anos, que tinha sido o quinto mais rápido no prólogo disputado na véspera, terminou a primeira etapa em redor de Bisha a 1m53s do vencedor da tirada, o francês Guerlain Chicherit (Mini), seu companheiro de equipa na X-Raid. O norte-americano Seth Quintero (Toyota) foi o segundo mais rápido, a 50 segundos de Chicherit, com o sul-africano Saood Variawa (Toyota) em terceiro, a 1m03s.
O leiriense terminou imediatamente à frente do vencedor de 2024, o espanhol Carlos Sainz (Ford), que foi sétimo após os 413 quilómetros cronometrados deste sábado.
"Dever cumprido. Primeira etapa sem problemas e com um ritmo que nos deixa numa posição boa para encarar a etapa de 48 horas que amanhã iniciamos. Fizemos uma etapa limpa, sem problemas, e o Filipe fez um excelente trabalho na navegação", explicou o leiriense.
João Ferreira mostrou-se agradado por ver o apoio de compatriotas ao longo do percurso: "É muito bom ver tantas bandeiras portuguesas ao longo destes primeiros 400kms de especial. Sentimos sempre esse empurrãozinho, que nos levou hoje até ao sexto lugar. Amanhã [domingo] a etapa promete ser dura."
Precisamente a pensar nessa etapa de 48 horas e sem assistência, pilotos como o francês Sébastien Loeb (Dácia) optaram por perder tempo para não serem os primeiros em pista a abrir caminho para os restantes.
"O objectivo era não sermos os mais rápidos pelo que parámos uns minutos antes de cortarmos a meta", explicou o antigo campeão mundial de ralis de 2004 a 2012.
Nas motas, Rui Gonçalves (Sherco) foi o melhor português nesta primeira etapa, ao terminar na 16.ª posição, a 34m50s do vencedor, o australiano Daniel Sanders (KTM). Vencedor do prólogo de sexta-feira, Sanders bateu o norte-americano Ricky Brabec (Honda), vencedor em 2024, por 2m22s, com Ross Branch (Hero), do Botswana, em terceiro, a 2m38s.
O luso-germânico Sebastian Bühler, também da equipa Hero, gerida pelo português Joaquim Rodrigues Jr., abandonou após sofrer uma queda ao quilómetro 69, que o deixou magoado num ombro.
Já António Maio (Yamaha) foi apenas 34.º, depois de ficar com a moto presa nas pedras e perdeu 15 minutos.
"Fui o terceiro a arrancar. Entendi-me bem com a navegação até ao quilómetro 300. Houve um ou outro erro que fez com que perdesse tempo, mas era natural. Durante muito tempo tinha apenas uma marca no chão, mas fiquei bastante contente com o ritmo. Depois do reabastecimento, ao quilómetro 300 fiquei preso numa ravina, com a moto encaixada entre duas pedras numa zona trialeira", contou o piloto alentejano, que admitiu ter perdido "imenso tempo".
"Estive ali quase 15 minutos. Depois houve um piloto, o Nosiglia, que me ajudou a tirar a moto porque sozinho não conseguiria. Depois disso tentei entrar num bom ritmo, mas já estava no meio de outros pilotos e havia pó. Foi pena este percalço que me fez perder bastante tempo, mas estou contente por ter chegado ao fim", resumiu o militar da GNR.
Bruno Santos (Husqvarna) foi o 36.º. Ambos ocupam idênticas posições na classificação geral.
Gonçalo Guerreiro segundo na classe Challenge
Na classe Challenge, Gonçalo Guerreiro (Red Bull) terminou na segunda posição. O piloto, de 24 anos, liderou durante grande parte dos 413 quilómetros cronometrados em redor de Bisha, mas acabou por ceder na parte final, terminando a apenas quatro segundos do argentino Nicolas Cavigliasso (BBR), com o qatari Abdulaziz Al-Kuwari (Nasser) em terceiro, a 9m58s.
“Foi uma grande etapa. A navegação foi dura mas o [navegador] Cadu [Sachs] fez um grande trabalho. Não cometemos erros, não tivemos furos, pelo que estou muito feliz”, disse o piloto luso.
Apesar de a vitória ter escapado por apenas quatro segundos, Gonçalo Guerreiro considera que o resultado foi “positivo”.
“Mesmo não tendo vencido, foi um bom início de Dakar. Temos o ritmo certo apesar de não ter dado o máximo. O meu objectivo principal é terminar”, sublinhou.
Nesta categoria Challenge, o leiriense Ricardo Porém (MMP) foi sexto classificado. “Sabíamos que ia ser uma etapa matreira, com muitas armadilhas e por isso preferimos ser cautelosos. Não cometemos erros e fomos gerindo o nosso andamento para terminar num sexto lugar que está, absolutamente, alinhado com os nossos objectivos para este Dakar”, disse o antigo campeão nacional de todo-o-terreno.
Luís Portela de Morais (GRally) foi 13.º e Rui Carneiro (GRally) o 16.º.
Já nos SSV, Alexandre Pinto (Old Friends) foi quinto, a 32m07s do vencedor, o francês Xavier de Soultrait (RZR). João Dias (Santag) foi sexto classificado, a 32m44s.
Domingo começa uma especial com 48 horas e 947 quilómetros cronometrados, em que os pilotos ficarão isolados do mundo e sem assistência, dormindo em tendas no meio do deserto da Arábia Saudita, também em redor de Bisha.