Linha SNS24 atendeu mais de 24 mil chamadas num só dia, um novo máximo

Serviços Partilhados do Ministério da Saúde admitem que “o aumento significativo de chamadas diárias, ocorrido nestes primeiros dias de 2025, impactou nos tempos médios de espera” deste serviço.

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Linha SNS24 está a recrutar enfermeiros e farmacêuticos para reforçar a capacidade de atendimento Nelson Garrido
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A Linha SNS24 atendeu, nesta quinta-feira, um novo máximo de chamadas: foram mais de 24 mil os contactos realizados num só dia, conforme adiantam os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), num comunicado enviado às redacções nesta sexta-feira. Na nota à imprensa, este organismo refere que “o aumento significativo de chamadas diárias, ocorrido nestes primeiros dias de 2025, impactou nos tempos médios de espera” deste serviço, “levando a desafios pontuais na gestão de recursos humanos que provocaram em determinados períodos tempos de espera longos".

De acordo com o comunicado, para reforçar a capacidade de resposta, está a ser feito um reforço, quer por parte dos SPMS, quer da operadora Altice, no recrutamento de mais profissionais de saúde, nomeadamente de enfermeiros para reforçar a linha. Além destes profissionais de saúde, estão também a ser recrutados farmacêuticos para muscular a capacidade de atendimento. Em 2024, no dia 2 de Janeiro, quinta-feira, a linha SNS24 tinha atendido pouco mais de dez mil chamadas, número que mais do duplicou este ano (mais de 24 mil).

Em média 750 chamadas por hora

Nos primeiros dois dias de 2025 foram atendidas mais de 36 mil chamadas, um número que corresponde a uma média de 750 chamadas por hora. Este volume representa quase o dobro da capacidade de atendimento do mesmo período no ano passado, quando foram registadas cerca de 16 mil chamadas (aproximadamente 330 chamadas por hora)”, reforçam os SPMS.

Lançada no primeiro dia do ano, a nova triagem digital para sintomas respiratórios agudos, disponível para utentes com idade igual ou superior a 18 anos, já permitiu realizar mais de cinco mil triagens.

Os SPMS realçam ainda que as situações encaminhadas para os cuidados de saúde primários aumentaram cerca de 13%, com o agendamento de cerca de 1500 consultas através da Linha SNS24, contribuindo para evitar deslocações desnecessárias aos serviços de urgência.

A Linha SNS 24 (808 24 24 24) encerrou o último ano com mais de 3,5 milhões de chamadas atendidas, representando um crescimento de 87% em relação ao ano anterior, “o que reforça o papel crucial deste serviço no acesso ao Serviço Nacional de Saúde”.

Tempos de espera demorados

Os tempos de espera nos serviços de urgência hospitalar do SNS estiveram especialmente demorados nesta sexta-feira. Segundo a informação do portal dos Tempos Médios de Espera, consultado pelo PÚBLICO às 13h45, no caso do Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, um doente urgente tem de esperar, em média, mais de seis horas para ser atendido enquanto um muito urgente deverá aguardar mais de uma hora, prazos muito acima do definido. Nos últimos dias, esta unidade de saúde tem registado elevados tempos de espera nas urgências, tendo chegado nesta manhã às 17 horas.

No caso do Hospital Santa Maria, em Lisboa, a espera não chega a uma hora para os muito urgentes e fixa-se em uma hora para os doentes urgentes. A Norte, no São João (Porto) os doentes urgentes terão de enfrentar um tempo médio de espera de duas horas, enquanto no caso dos muito urgentes este período não chega sequer a meia hora. Já no Santo António, na mesma cidade, a espera fixa-se em menos de uma hora em ambos os casos. No Hospital de Portimão, os doentes urgentes estão a esperar mais de 5h30 e os muito urgentes 44 minutos.

O director executivo do SNS reconheceu esta sexta-feira dificuldades na capacidade de resposta do Hospital Beatriz Ângelo: “Loures é uma unidade local de saúde que está subdimensionada para a população, que tem crescido imenso, da área de abrangência”, afirmou António Gandra d'Almeida em declarações aos jornalistas, à margem de uma visita ao Hospital Eduardo Santos Silva, em Vila Nova de Gaia.

São esperados condicionamentos no acesso aos serviços de urgência hospitalares neste fim-de-semana, sobretudo os de pediatria, ginecologia e obstetrícia. De acordo com o portal do SNS, no sábado, sete serviços de urgência vão estar fechados e outros 12 a trabalhar em regime de referenciação, ou seja, reservados às urgências internas ou aos casos encaminhados pelo CODU/ Inem ou pela Linha SNS 24. Entre as urgências fechadas no sábado estão: as de ginecologia e de obstetrícia do Hospital Garcia de Orta, em Almada; as de obstetrícia e de ginecologia do Hospital do Barreiro, assim como a pediátrica; a urgência pediátrica do Hospital Beatriz Ângelo; a de obstetrícia do Hospital São Bernardo, em Setúbal; e a urgência de obstetrícia e ginecologia do Hospital Santo André, em Leiria.

Já no domingo está previsto o fecho de oito urgências (além das que estarão encerradas no sábado também a urgência pediátrica do Hospital Distrital de Torres Vedras vai estar fechada) e 13 vão estar a trabalhar em regime de referenciação.

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