Militares e guarda presidencial impedem que Presidente deposto da Coreia do Sul seja detido
Cerca de 200 agentes do Serviço de Segurança Presidencial e de militares destacados para a segurança presidencial formaram barreira humana para bloquear gabinete de investigação e polícia.
Militares e a guarda presidencial da Coreia do Sul impediram as autoridades de deter o Presidente destituído Yoon Suk Yeol nesta sexta-feira, num tenso impasse que durou mais seis horas. A imposição por Yoon da lei marcial a 3 de Dezembro surpreendeu a Coreia do Sul e levou à emissão do primeiro mandado de captura contra um Presidente em funções, que está a ser investigado por insurreição.
Ainda antes das 8h locais (23h de quinta-feira em Portugal), o Gabinete de Investigação da Corrupção para Altos Funcionários (CIO), que está a centralizar as investigações sobre o golpe de Estado, anunciava num comunicado que “começou a executar um mandado de detenção” contra o Presidente deposto, afirmando, horas depois, que os seus agentes foram bloqueados dentro da residência presidencial.
“Foi considerado que era praticamente impossível executar o mandado de captura devido ao impasse em curso”, declarou o CIO. Os funcionários do gabinete e a polícia fintaram centenas de apoiantes de Yoon, incluindo conhecidos youtubers de extrema-direita e padres cristãos evangélicos, que se reuniram e acamparam durante a madrugada perto da sua residência, prometendo impedir a detenção “com as suas vidas”.
Funcionários do CIO, que lidera uma equipa conjunta de investigadores sobre possíveis acusações de insurreição relacionadas com a breve declaração de lei marcial de Yoon, chegaram aos portões do complexo presidencial, no coração de Seul, pouco depois das 7 da manhã (2200 GMT de quinta-feira) e entraram a pé.
Uma vez dentro do complexo, o CIO e a polícia foram impedidos de continuar por cordões de pessoal do Serviço de Segurança Presidencial (PSS), bem como por tropas destacadas para a segurança presidencial. Cerca de 200 pessoas formaram uma barreira humana para bloquear o CIO e a polícia, disse um funcionário do gabinete aos jornalistas.
De acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap, cerca de 2700 polícias foram destacados para a zona, na sequência de confrontos entre apoiantes e detractores do presidente deposto na noite anterior. O Ministério da Defesa Nacional da Coreia do Sul afirmou que as tropas estavam sob o controlo do PSS. O CIO cancelou a tentativa de prender Yoon por volta das 13h30 por causa da “falta de segurança” do seu pessoal e disse que “lamentava profundamente” a atitude de Yoon de não cumprir a lei.
O CIO terá agora de ponderar as suas próximas acções. Isto porque a insurreição é uma das poucas acusações criminais em que um presidente sul-coreano não goza de imunidade. O antigo procurador, de 64 anos, não respondeu por três vezes às convocatórias para ser interrogado sobre a tentativa de golpe de Estado, o que levou a justiça sul-coreana a emitir um mandado de detenção, aprovado na terça-feira por um tribunal de Seul mas válido apenas até 6 de Janeiro.
“Mandado de detenção e busca ilegal e inválido”
Yoon tem estado isolado desde que foi destituído e suspenso do poder a 14 de Dezembro. Numa declaração após a suspensão da tentativa de detenção, a equipa jurídica de Yoon afirmou que o CIO não tinha autoridade para investigar insurreições e que era lamentável que tivesse tentado “executar à força um mandado de detenção e busca ilegal e inválido” numa área de segurança sensível.
A declaração advertia a polícia para não apoiar o esforço de detenção. O chefe interino do Partido do Poder Popular, de Yoon, congratulou-se com a suspensão e afirmou que a investigação deve ser efectuada sem a detenção de Yoon. O mandado actual dá aos investigadores apenas 48 horas para interrogar Yoon se o Presidente deposto for detido.
Yoon provocou uma onda de choque na quarta maior economia da Ásia e numa das democracias mais vibrantes da região, ao anunciar, ao fim da noite de 3 de Dezembro, que ia impor a lei marcial para ultrapassar o impasse político e erradicar as “forças antiestatais”. Em poucas horas, porém, 190 legisladores desafiaram as tropas e a polícia que faziam barreira junto ao Parlamento para votar contra a ordem de Yoon. Cerca de seis horas depois do seu decreto inicial, Yoon revogou-o, depois da pressão dos deputados e de milhares de manifestantes.
Mas Yoon defendeu a sua decisão, afirmando que os seus opositores políticos internos são simpatizantes da Coreia do Norte e citando alegações não corroboradas de manipulação eleitoral. Dois oficiais militares sul-coreanos, incluindo o chefe do exército, Park An-su, nomeado comandante da lei marcial durante a declaração de curta duração, foram acusados e detidos por procuradores que investigam acusações de insurreição, noticiou a Yonha na sexta-feira. Com agências