Coreia do Sul prepara-se para deter Presidente suspenso de funções
Yoon Suk-yeol está a ser investigado por traição, na forma de crime de insurreição e abuso de poder, após ter tentado impor a lei marcial na Coreia do Sul.
As autoridades da Coreia do Sul preparam-se para deter a todo o momento o Presidente Yoon Suk-yeol, suspenso de funções desde 14 de Dezembro, depois de uma tentativa de imposição da lei marcial no país, noticia a imprensa sul-coreana.
A agência de notícias sul-coreana Yonhap avançou esta quinta-feira, 2 de Janeiro, que uma equipa do Gabinete de Investigação da Corrupção para Altos Funcionários deixou a sua sede para cumprir um mandado de detenção de Yoon Suk-yeol, a executar até dia 6 de Janeiro. Terão também sido mobilizados milhares de agentes das forças de segurança para preparar a detenção.
Yoon está a ser investigado pela Agência Policial Nacional por "traição", na forma de um crime de "insurreição" e abuso de poder, por, no início do mês de Dezembro, ter anunciado a suspensão da governação civil e a sua entrega temporária às Forças Armadas.
Contudo, e mesmo com a Assembleia cercada por militares, os deputados sul-coreanos aprovaram uma moção a "invalidar" a declaração da lei marcial. Bastaram algumas horas para Yoon Suk-yeol ceder e recuar na decisão, mas já era tarde para evitar as consequências da mesma.
O Presidente acabou por ser suspenso do cargo a 14 de Dezembro, na sequência da abertura de um processo de destituição aprovado pela maioria dos deputados.
Caso o mandado de detenção seja executado, será a primeira detenção de um chefe de Estado em funções na história da Coreia do Sul, onde insurreição é uma de poucas acusações que a imunidade presidencial não pode cobrir.
Apoiantes de Yoon tentam impedir detenção
Nas últimas horas, dezenas de apoiantes reuniram-se junto da residência de Yoon para tentar travar a sua eventual detenção. "Temos de os impedir com as nossas vidas", instava um dos manifestantes, citado pela Reuters. "O Presidente será protegido pelo povo", garantia outro.
Segundo testemunhas da mesma agência de notícias, a equipa do Gabinete de Investigação da Corrupção para Altos Funcionários encarregado de executar o mandado de detenção chegou aos portões da residência oficial de Yoon pelas 7h locais (22h de dia 2 em Portugal continental).
A equipa de defesa do Presidente alega que o mandado de detenção é ilegal, uma vez que o Gabinete de Investigação da Corrupção não tem autoridade para o solicitar, e promete contestá-lo.
Por três vezes, Yoon recusou-se a obedecer a intimações dos investigadores e não compareceu para interrogatório sobre a imposição da lei marcial. Perante a sua ausência, a agência anticorrupção poderia, em alternativa ao envio de uma quarta notificação, pedir um mandado a um tribunal, entretanto emitido.
Em paralelo à investigação criminal, decorre o processo de destituição de Yoon entregue ao Tribunal Constitucional, que tem até Junho para confirmar ou rejeitar o impeachement.