Maria Luís Gameiro, as crónicas do Dakar: “Nem tive tempo para ficar nervosa”
De 3 a 17 de Janeiro, a Arábia Saudita é pista do Rali Dakar. Maria Luís Gameiro, a primeira portuguesa na prova em 15 anos, vai relatar na Fugas a experiência, das viagens à aventura.
Antes de mais, gostaria que os leitores do PÚBLICO percebessem o enorme orgulho que tenho em, a partir de hoje, poder partilhar convosco o dia a dia da minha vida nas próximas duas semanas. Sei que vão querer saber tudo e essa é a primeira das muitas responsabilidades que tenho nesta aventura de disputar o Dakar!
Os dias que antecederam a viagem para a Arábia Saudita foram absolutamente caóticos. Tudo isto é novo para mim e, por isso mesmo, preparar uma viagem destas é, acima de tudo, uma incógnita permanente.
Com tanto para fazer e tanto para deixar feito aqui, nomeadamente nas empresas, não tive, literalmente, tempo para ficar nervosa. Por outro lado, ainda estou assoberbada com toda a logística pré-corrida. Não fazia ideia da quantidade de respostas que nos são exigidas pela organização.
É tudo muito novo para mim e, na verdade, o dia D, estava a custar a chegar.
O dia de viajar para a Arábia Saudita acabou por ser até de algum alívio. O que estava feito ficou, o que não estava já não podia passar por mim.
Admito que muitas das minhas preocupações antes de sair de Portugal passavam por deixar tudo assegurado nas empresas. Tivemos que deixar tudo acautelado, até porque o meu marido, que é o meu braço direito na administração, também vai acompanhar toda a prova. Devo sublinhar que temos muita sorte por termos uma óptima equipa por trás, que nos apoia e garante que tudo flui normalmente na nossa ausência.
Com tudo isto, acho que relativamente à corrida propriamente dita, em Portugal, preparei pouco... ou nada. Só comecei esse trabalho já no avião, para cá. Por mais estranho que possam achar, o alucinante ritmo das últimas semanas não me permitiu adiantar nada. Felizmente, conto com o José Marques – meu navegador – que se encarrega de reunir a informação que depois tenta passar para mim da melhor maneira. Vai resultar de certeza!
Naturalmente, sei alguma coisa sobre as etapas e a que mais depressa me ocorre é a tirada de 48 horas e 900 quilómetros de especial. Isto acontece logo no segundo dia do Dakar e, para mim, é um mergulho no desconhecido. Não faço a mínima ideia do que isto representa ou do que vou encontrar. Também por isto, esta é uma aventura ainda mais exigente. Superar este primeiro embate será, também, a minha primeira vitória.
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