Confiança dos consumidores baixa, mas a dos empresários melhora
Perspectivas dos consumidores sobre a evolução económica do país e a sua própria posição financeira pioraram em Dezembro.
O indicador de confiança dos consumidores diminuiu em Dezembro, mas o que mede o clima económico dos empresários melhorou no último mês. São essas as tendências observadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) nos inquéritos qualitativos de conjuntura realizados juntos dos consumidores e das empresas.
Os resultados relativos ao último mês do ano passado, divulgados nesta quinta-feira, mostram que o sentimento dos consumidores piorou no final do ano depois de ter melhorado de forma ligeira em Novembro.
Os consumidores estão mais pessimistas quer sobre a evolução futura da situação económica do país quer sobre a sua própria situação financeira (a do agregado familiar). Apesar disso, as expectativas sobre a realização de compras importantes “por parte das famílias” melhorou e deu um contributo “ligeiramente positivo” para este indicador.
Embora haja uma melhoria no indicador que procura perceber se os consumidores esperam “gastar mais ou menos dinheiro em compras importantes (como mobiliário, electrodomésticos, computadores ou outros bens duradouros)” nos 12 meses seguintes àquele em que se realiza o inquérito, as perspectivas em relação à trajectória futura dos preços “aumentou significativamente em Dezembro, contrariando a diminuição observada no mês anterior e atingindo o máximo desde Dezembro de 2022”, momento em que o país e a Europa se encontravam sob uma forte inflação.
A inflação aumentou em Dezembro (para 3%, depois de ter ficado nos 2,5% em Novembro) e o saldo das opiniões dos consumidores sobre a evolução passada dos preços também diminuiu quer em Novembro quer em Dezembro, quando, em Outubro, registara um “aumento significativo”.
Do lado das empresas, os resultados dos inquéritos apontam para uma melhoria do clima económico, cujo indicador “aumentou entre Setembro e Dezembro, atingindo um valor igual ao observado em Março de 2019”.
Por um lado, o indicador de confiança subiu, nos dois últimos meses, em três sectores de actividade (na construção e obras públicas, nos serviços e no comércio). Por outro, baixou, ainda que “de forma moderada”, na indústria transformadora, tendência que se observa já durante três meses consecutivos.
Segundo o INE, “o saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda aumentou em Dezembro na construção e obras públicas, no comércio e, de forma expressiva, na indústria transformadora, tendo diminuído ligeiramente nos serviços”.
Olhando para a indústria, a diminuição da confiança dos empresários coincide com uma descida nas perspectivas de produção e nas apreciações relativas aos stocks de produtos acabados, embora se verifique um contributo positivo para o índice no item relativo à evolução da procura global. “O indicador de confiança diminuiu nos agrupamentos de bens intermédios, tendo aumentado no agrupamento de bens de investimento e de bens de consumo”, refere o INE.
No comércio, onde os empresários estão mais optimistas nos últimos dois meses, as perspectivas de actividade das empresas melhoraram, embora haja diferenças a assinalar. Se o indicador de confiança aumentou no comércio a retalho, o mesmo não aconteceu no comércio por grosso. “O saldo das opiniões sobre o volume de vendas estabilizou em Dezembro, após ter aumentado em Novembro. Por sua vez, as perspectivas de actividade recuperaram em Dezembro, pelo segundo mês consecutivo, após a deterioração observada em Setembro e Outubro.”
Nos serviços, a confiança dos empresários aumentou em Dezembro “em seis das oito secções dos serviços”, com destaque para o “alojamento, restauração e similares, e de outras actividades de serviços”, diz o INE.
Na área da construção, “o indicador de confiança aumentou nas divisões de promoção imobiliária e de construção de edifícios, e de actividades especializadas de construção”, sentimento que já não se verifica “na divisão de engenharia civil”, onde se verificou uma quebra.