Rali Dakar promete endurecer para “herdeiros” de Peterhansel

Portugal contará com 13 equipas e o regresso de Paulo Marques, após 18 anos de ausência. Maria Luís Gameiro “sucede” a Elisabete Jacinto numa prova solidária.

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Carlos Sainz regressa à Ford em busca da quinta vitória no Dakar Marie Hessel / EPA
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Arranca já nestasexta-feira, pelo sexto ano consecutivo na Arábia Saudita, e pela primeira vez em 35 anos sem o “senhor Dakar”, a 47.ª edição da mítica prova de todo-o-terreno criada em 1978 e que a organização garante ser a mais dura de sempre... o que poderá ser atestado por 13 equipas portuguesas ao longo dos 7.700 quilómetros (5.100 cronometrados) do prólogo e 12 especiais.

Para além da ausência do francês Stéphane Peterhansel, a marcar o fim de uma era em que o “senhor Dakar” somou 14 triunfos entre carros (oito) e motas (seis), regista-se uma dança de cadeiras entre os principais candidatos e vencedores de edições anteriores. A começar pelo veterano espanhol Carlos Sainz, de regresso à Ford (M-Sport Raptor) após mais de duas décadas. Sainz (pai) procura o quinto título no Dakar, depois de ter guiado o Audi eléctrico ao triunfo em 2024.

Também o qatari pentacampeão Nasser Al-Attiyah trocou a Toyota pela Dacia Sandrider (dominadora no Rali de Marrocos), onde surge o francês Sébastien Loeb, eneacampeão do Mundo de ralis, para abraçar um novo desafio. Já a Toyota contará com o brasileiro Lucas Moraes, o norte-americano Seth Quinteron e o saudita Yazeed Al-Rajhi, na esperança de voltar aos triunfos. Das duas rodas para a categoria rainha, saltam o australiano Toby Price (triunfou nas motas em 2016 e 2019) e o britânico Sam Sunderland (vencedor em 2017).

Também o português João Ferreira (Mini X-Raid) deixa os SSV para fazer a estreia na categoria principal de carros. Navegado por Filipe Palmeiro, o campeão nacional e europeu de todo-o-terreno — vencedor da Taça do Mundo FIA de Bajas — participará pela terceira vez no Dakar, após dois anos a competir nos veículos ligeiros, apontando a um top 10.

Maratona a abrir

Com 13 equipas portuguesas, em quatro categorias diferentes, todas empenhadas em cortar a meta no próximo dia 17, o Dakar reserva para a segunda especial uma etapa maratona com mais de mil quilómetros (sem assistência) a disputar em dois dias, reservando o desafio do “Empty Quarter” para a segunda metade do rali, depois de nova etapa maratona a desafiar as mecânicas e pilotos.

O Dakar, que parte de Bisha para coroar os vencedores em Shubaytah, não contará, pela primeira vez, com a categoria de quads, apostando na segurança, com a duplicação de pistas e um “roadboak” digital para todos os participantes, que transportarão ainda uma bandeira vermelha colocada dois metros acima do tejadilho para facilitar a identificação nas dunas para prevenir acidentes.

Voltando ao contingente luso, Portugal surge no Dakar com uma equipa nos automóveis, três nas motas, sete nos Challenger e duas nos SSV, a que se somam dois navegadores e o regresso do veterano Paulo Marques, primeiro português a ganhar uma etapa nas motas, em 1997. O famalicense surge como navegador do japonês Yoshio Ikemachi num SSV movido a hidrogénio. Isto, após 18 anos de ausência (Lisboa-Dakar 2007) e numa categoria (M1000) extra competição para veículos de energias alternativas.

Gameiro sucede a Jacinto

Depois do adeus de Elisabete Jacinto, há 15 anos, Maria Luís Gameiro (X-Raid Fenic), gestora de 46 anos, é a primeira mulher portuguesa a competir no Dakar (Challenger).

Mas para Maria Luís Gameiro, que corre desde 2022 no Campeonato de Portugal e desde 2023 no espanhol, registando triunfos na Taça das Senhoras em ambos os lados da fronteira, há um objectivo que a “obriga” a chegar ao final: doar um euro por cada quilómetro percorrido em especiais para ajudar na luta contra o cancro.

“Quem quiser pode doar através do site” e, se o desempenho for suficientemente bom, poderá regressar em 2026 na categoria principal e reforçar o carácter solidário.

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