Análise da caixa preta do avião que caiu no Cazaquistão será feita no Brasil

Força Aérea Brasileira foi escolhida para analisar os dados do voo do Embraer 190 que caiu no dia 25, provocando 38 mortos e 29 feridos. Investigadores russos vão acompanhar a análise.

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Investigação vai tentar determinar como ocorreu a queda do Embraer 190 da Azerbaijan Airlines Administration of Mangystau region/Via Reuters
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A investigação da queda do avião que ocorreu no dia 25 de dezembro em Aktau, no Cazaquistão, provocando 38 mortos e 29 feridos, vai passar pelo Brasil. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), da Força Aérea Brasileira, será responsável pela análise das caixas pretas do avião, uma aeronave do modelo 190 fabricada pela Embraer.

A escolha do Brasil para análise da gravação dos dados do voo foi feita pelas autoridades do Cazaquistão, segundo o que prevê o artigo 13º da Convenção sobre Aviação Civil Internacional. Além de escolher o Brasil para análise das caixas pretas, as autoridades cazaques vão enviar três investigadores do próprio país e convidaram o Azerbaijão e a Rússia a enviar três investigadores cada um.

A presença de investigadores russos pode ser considerada uma medida política. “Quando acontece uma queda de avião, a responsabilidade pela investigação é do país em que houve a ocorrência. Normalmente, participam o Estado onde a aeronave foi registrada, o Estado do operador da aeronave, que no caso é o mesmo, o Azerbaijão, e o fabricante do avião”, afirma Jaime Prieto, da Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea (APPLA). Segundo Prieto, o fabricante do avião vai avaliar as falhas que possam ter ocorrido e interpretar os dados do voo.

Ele considera normal a presença dos cazaques, já que a queda foi no Cazaquistão, e dos azeris, sendo que o avião pertencia à Azerbaijan Airlines. “No caso, a presença dos russos são a carta fora do baralho. O Estado da ocorrência pode convidar para fazer parte da investigação outras partes. Neste caso, escolheu a russo. A polêmica está na possibilidade de a aeronave ter sido atingida por um engenho militar russo”, avalia.

Na investigação, é analisada a caixa preta, que apesar do nome tem a cor laranja, para ser mais fácil de identificar em caso de acidente. É composta por dois gravadores: um registra todas as comunicações e falas dos pilotos e o outro preserva os dados do voo.

Na análise dos dados da caixa preta, realizada pelo Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo do CENIPA, é feita uma simulação utilizando tecnologias de animação em realidade virtual em três dimensões, com visualização do voo, o que inclui a trajetória da aeronave, velocidade, altitude, funcionamento dos sistemas e os comandos de voo. O objetivo é determinar as condições exatas em que ocorreu a queda.

Após a análise, os resultados serão passados para a Autoridade de Investigação de Acidentes Aeronáuticos do Cazaquistão, o que segue os protocolos internacionais de investigação de acidentes aeronáuticos.

Seis centros de investigação

Atualmente, são seis os principais centros de investigação de acidentes aéreos no mundo, dois na Europa, dois nas Américas e dois na Ásia/Pacífico. Na Europa estão localizados em Paris e em Londres, na Ásia/Pacífico, em Singapura e em Camberra, na Austrália, e nas Américas, em Washington, nos Estados Unidos, e em Brasília.

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