Gripe das aves matou 20 grandes felinos num santuário em Washington

Epidemia matou um tigre, quatro pumas, quatro linces-pardos, um caracal, dois linces-do-canadá, um gato-do-mato-grande, um gato-de-bengala, cinco servais e um lince-europeu. Centro está de quarentena.

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Um tigre fêmea no Smithsonian National Zoological Park, em Washington D.C., em 2023 Chloe Coleman/The Washington Post
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Um santuário para grandes felinos, em Washington, nos Estados Unidos, foi temporariamente encerrado depois de um surto devastador de gripe das aves ter matado a maioria dos seus animais. Alguns deles morreram rapidamente após terem desenvolvido sintomas semelhantes aos da pneumonia, informou Mark Mathews, director do santuário.

Em finais de Novembro, antes do início do surto, o Centro de Apoio aos Felinos Selvagens, em Shelton, a menos de 100 quilómetros a sudoeste de Seattle, albergava 37 grandes felinos – incluindo tigres, pumas e leopardos –, disse Mark Mathews, um dos fundadores do centro, em 2004. Mas vinte morreram da doença – entre gatos idosos já com problemas médicos e gatos mais jovens e saudáveis.

O santuário de dois hectares está agora sob quarentena rigorosa, disse Mathews.

As autoridades estão a investigar como é que os grandes felinos contraíram a gripe das aves, acrescentou o perito. Desde 2022, as estirpes altamente patogénicas da gripe H5N1 têm vindo a propagar-se entre os animais e, em menor grau, nas pessoas. Há muitas maneiras de os animais poderem ter sido infectados, disse Mathews, tais como consumir carne ou água contaminadas ou entrar em contacto com aves migratórias infectadas.

A gripe aviária foi registada em todos os estados do país desde 2022 e em diferentes espécies de aves selvagens, incluindo aves terrestres, marinhas, costeiras e migratórias, de acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Primeiro sinal

No início de Dezembro, o Departamento de Pesca e Vida Selvagem de Washington documentou um aumento de casos de gripe das aves em animais selvagens, alertando num comunicado de imprensa que a ameaça se estendia aos animais domésticos e que os gatos eram “mais vulneráveis” do que os cães. O departamento registou também duas infecções em pumas no município de Clallam.

O primeiro sinal de que “algo não estava bem” foi quando uma puma de 17 anos chamada Hannah Wyoming deixou de comer, disse Mathews. As perdas no santuário em Shelton incluem o tigre Tabbi, resultado de um cruzamento entre um tigre-de-Bengala e um tigre-siberiano, quatro pumas, quatro linces-pardos, um caracal, dois linces-do-canadá, um gato-do-mato-grande, um gato-de-bengala, cinco servais e um lince-europeu. Três grandes felinos recuperaram da doença, mas um quarto, um serval chamado Neiko, continua em estado crítico.

O santuário dá abrigo a grandes felinos que escapam a circunstâncias graves. Os procedimentos rigorosos de quarentena actualmente em vigor exigem que os trabalhadores e os voluntários se vistam com equipamento de protecção, utilizem lonas para evitar a transmissão por via aérea e mantenham os animais a uma distância segura uns dos outros, afirmou Mathews.

O responsável estima que o santuário estará encerrado até Março, uma vez que os voluntários esperam passar mais de 400 horas a descontaminar as instalações. O santuário tem sofrido dificuldades financeiras em consequência do surto, devido às despesas médicas e de equipamento. “Vamos voltar mais fortes e melhores do que estávamos”, disse Mathews. “Esta vai ser uma curva de aprendizagem para todos os jardins zoológicos e santuários do país.”