OMS anuncia encerramento do último hospital do Norte de Gaza após ataque israelita

Continuarão nas instalações do hospital agora desactivado “60 profissionais de saúde e 25 pacientes em estado crítico”, informou a organização internacional.

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Hospital Kamal Adwan já tinha sido atingido por Israel várias vezes nas últimas semanas Dawoud Abu Alkas / REUTERS
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A OMS confirmou este sábado que o último grande hospital operacional no Norte da Faixa de Gaza está “fora de serviço”, após um ataque do exército israelita. “O ataque desta manhã ao Hospital Kamal Adwan colocou fora de serviço o último grande centro de saúde do Norte de Gaza, situado em Beit Lahia”, declarou a Organização Mundial de Saúde (OMS) na rede social X.

“As primeiras informações indicam que os principais serviços foram incendiados e destruídos durante o ataque. Continuarão no hospital sessenta profissionais de saúde e 25 pacientes em estado crítico, incluindo aqueles ligados a ventiladores”, acrescentou a organização internacional com sede em Genebra.

O exército israelita justifica o ataque como uma operação contra combatentes do Hamas alegadamente posicionados perto deste hospital, que desempenha um papel crucial numa região onde os serviços de saúde foram devastados por 14 meses de guerra.

Esta operação perto do Hospital Kamal Adwan, em Beit Lahia, ocorre um dia depois de o director do hospital, Hussam Abu Safiya, ter anunciado que cinco membros do pessoal, incluindo um médico pediatra, tinham sido mortos num ataque israelita.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, descreveu que militares israelitas obrigaram o pessoal médico e os pacientes do Kamal Adwan a reunirem-se no pátio e a tirarem as roupas em pleno inverno, numa prática que não é nova para as Forças de Defesa de Israel.

Alguns foram levados para um local desconhecido, enquanto vários pacientes foram forçados a deslocar-se para o hospital indonésio próximo, também destruído e desactivado na sequência de ataques israelitas.

Durante as suas ofensivas, as tropas israelitas realizam frequentemente detenções em massa, deixando os homens apenas em roupa interior para serem interrogados, naquilo que os militares dizem ser uma medida de segurança enquanto procuram combatentes do Hamas.

Os militares de Israel alegam estar a conduzir operações contra infra-estruturas e militantes do Hamas na área do hospital, sem fornecer detalhes, reiterando que combatentes do movimento mantêm a sua presença nas instalações, embora não haja provas e a equipa hospitalar negue.

O Ministério da Saúde também relatou que as tropas israelitas provocaram incêndios em várias partes do Kamal Adwan, incluindo no laboratório e no departamento de cirurgia. O mesmo hospital já tinha sido atacado várias vezes por Israel nos últimos meses.

Segundo números do Ministério, 25 doentes e 60 profissionais de saúde permanecem nas instalações do hospital, dos 75 doentes e 180 funcionários que lá se encontravam, mas estes dados não podem ser confirmados de forma independente.

Desde Outubro, a ofensiva de Israel praticamente isolou as zonas de Jabalia, Beit Hanoun e Beit Lahia, no Norte da Faixa de Gaza, e arrasou grande parte delas.

Milhares de palestinianos foram forçados a sair da região, mas acredita-se que muitos outros ainda permaneçam na área onde se situa o Hospital Kamal Adwan.

Há meses que esta zona está sem acesso a alimentos e outros bens, o que aumenta o receio de fome. A ONU afirma que as tropas israelitas permitiram apenas quatro entregas humanitárias neste local entre 1 e 23 de Dezembro.