Chega e PAN juntam-se às críticas a Luís Montenegro; CDS tem “orgulho”
André Ventura volta a colar primeiro-ministro ao PS, Inês Sousa Real pede a Montenegro para “passar das palavras à acção”, Paulo Núncio apoia política de segurança.
As críticas dos partidos da oposição à mensagem de Natal do primeiro-ministro, Luís Montenegro, continuaram nesta quinta-feira, com o presidente do Chega, André Ventura, a considerar o discurso de Montenegro "redondo", afirmando que o país em que "o primeiro-ministro vive e vê é um país que 99% dos portugueses não vivem nem vêem". Para a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, o líder do executivo precisa de "passar das palavras à acção". Pelo CDS, o vice-presidente Paulo Núncio sublinhou o "enorme orgulho" do partido em fazer parte do executivo e apoiou o Governo ao "colocar a segurança como uma prioridade".
Esta quinta-feira, o primeiro a reagir à mensagem de Natal do primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi o vice-presidente do CDS, Paulo Núncio. O centrista sublinhou que o seu partido “tem um enorme orgulho de pertencer a este Governo e uma identificação profunda com as suas políticas”, que “correspondem a causas pelas quais o CDS se tem batido nos últimos anos”.
A partir da sede nacional dos centristas, no Largo do Caldas, em Lisboa, Paulo Núncio considerou que Luís Montenegro “fez muito bem em colocar a questão de segurança na sua mensagem de Natal”, tal como o executivo também “faz bem em colocar a segurança como uma prioridade da sua governação”.
Há uma semana, uma operação policial no Martim Moniz foi alvo de duras críticas - também de figuras do PSD -, mas para o centrista as críticas da esquerda “não fazem qualquer sentido”. “O Comando Metropolitano de Lisboa realizou mais de 90 operações especiais de prevenção da criminalidade só durante o ano de 2024.”
Quanto ao trabalho feito nos últimos meses - vincado por Luís Montenegro na sua mensagem de Natal -, Paulo Núncio entende que as medidas implementadas pelo actual Governo “em muitos casos fizeram mais pelo Estado social do que o PS nos últimos oito anos”.
Na mensagem de Natal, o primeiro-ministro defendeu que “só criando mais riqueza conseguiremos continuar a salvar o Estado social, cumprindo a essência da democracia e da justiça que é a igualdade de oportunidades”.
"Passar das palavras à acção"
Seguiu-se a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, que considerou que o primeiro-ministro "não pode dizer uma coisa no Natal e fazer outra coisa durante todo o ano". A deputada única, em declarações transmitidas pela RTP3 a partir da sede do partido, em Lisboa, enumerou várias medidas que mereceram o voto contra do PSD no Parlamento, apesar de antes Luís Montenegro se lhes ter mostrado favorável. Por isso, Inês Sousa Real considerou que o primeiro-ministro deve "passar das palavras à acção".
Inês Sousa Real salienta que "não vale a pena" o governante dizer-se "ao lado de polícias, bombeiros, professores" e, "no momento de votar", permitir que a bancada do PSD, "que suporta o Governo, vote contra a valorização destes profissionais". O mesmo aconteceu, em relação a medidas para combater a pobreza energética e de protecção animal.
"Não nos emocionam as suas palavras e queremos um Governo que passe das palavras à acção porque temos desafios muito prementes para 2025, seja por força do contexto da guerra (...), das alterações climáticas ou das questões sociais tão prementes como a pobreza, a imigração e a própria segurança das populações", concluiu.
Por fim, o presidente do Chega, André Ventura, sublinhou que o país em que o primeiro-ministro "vive e vê é um país que 99% dos portugueses não vivem nem vêem" e que "existe apenas na cabeça de PS e PSD". Em declarações transmitidas pela RTP3 a partir da sede do partido, em Lisboa, o líder do Chega disse que esperava que a mensagem de Natal de Luís Montenegro "fosse precisamente uma mensagem de tranquilidade, de esperança e de garantia que estará ao lado das forças de segurança contra os criminosos".
Ventura considerou que o primeiro-ministro "não fez nada disso" e que optou por um "discurso redondo que António Costa podia ter feito", insistindo que o Orçamento do Estado para 2025 "continua na mesma linha" dos orçamentos do PS.
As reacções do Chega, PAN e CDS somam-se às do PS, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PCP, Livre, e também do PSD, que reagiram ainda na noite de quarta-feira à mensagem de Natal do primeiro-ministro.