Campus de data centers de Lisboa pode criar 600 postos de trabalho qualificado
Obras já começaram na Castanheira do Ribatejo e prevêem investimento de mil milhões de euros. A Edged Energy e a Endeavour desenvolveram o projecto do Lisbon Campus com a Merlin Properties.
As obras do Lisbon Campus arrancaram, em Novembro, no espaço da Plataforma Logística de Lisboa Norte (PLLN) e, de acordo com os promotores, a primeira fase deverá estar concluída em 2027. Em causa está um investimento que poderá atingir os mil milhões de euros e gerar 600 postos de trabalho num dos maiores campi de data centers (plataformas de armazenamento e gestão de dados) da Europa. A Câmara de Vila Franca de Xira garante, ao PÚBLICO, que o empreendimento não necessitará de avaliação de impacte ambiental, uma vez que vai ser desenvolvido de acordo com os parâmetros urbanísticos e ambientais já aprovados para este lote da PLLN.
“A nossa missão é desenvolver data centers com impacto positivo, e estamos orgulhosos por contribuir para o rápido crescimento da economia digital em Portugal. A região oferece uma conectividade de fibra excepcional, com 10 cabos submarinos intercontinentais próximos de Lisboa, além de um forte compromisso com a produção de energia renovável e o design sustentável”, afirma Jakob Carnemark, director executivo da Edged Energy e fundador da Endeavour, empresas que gerem mais de duas dezenas de data centers nos Estados Unidos, Espanha e França e que desenvolveram o projecto do Lisbon Campus em parceria com a Merlin Properties, empresa espanhola dona da PLLN. Jack Carnemark afiança, também, que este projecto a desenvolver no concelho de Vila Franca de Xira “é uma abordagem que se alinha perfeitamente com os nossos esforços para combater as alterações climáticas através da inovação. Juntos estamos a desenvolver soluções sustentáveis que atendem às necessidades do tech hub da região, ao mesmo tempo que protegemos e preservamos os preciosos recursos naturais locais”, sustenta.
Para além da infra-estrutura de armazenamento de dados e de inteligência artificial (IA) com uma potência estimada de 180MW, o projecto contempla espaços de formação e de investigação, extensas áreas verdes e painéis fotovoltaicos.
“É um projecto estruturante para o concelho de Vila Franca de Xira, já que, para além da tecnologia, irão marcar presença algumas insígnias de relevo a nível mundial, possibilitando a criação de 600 postos de trabalho altamente especializados e qualificados”, diz, ao PÚBLICO, Fernando Paulo Ferreira, presidente da Câmara de Vila Franca de Xira. O autarca sublinha que o projecto vai beneficiar também da proximidade da estação ferroviária da Castanheira do Ribatejo e do respectivo nó de acesso à Auto-Estrada do Norte. “Vai criar data centers e serviços altamente especializados associados, nomeadamente na área da IA e da realidade virtual”, acrescenta o edil, frisando que o licenciamento das obras de construção foi feito este ano seguindo o que estava previsto no projecto de loteamento da Plataforma Logística de Lisboa-Norte, pelo que não foi necessário sujeitar o projecto do Lisbon Campus a uma avaliação de impacte ambiental específica.
Já a Merlin Properties explica que “a construção deste campus terá várias fases, estando previsto que a primeira unidade esteja operacional em 2027”. O projecto contempla “cinco data centers de classe mundial, projectados para fornecer 180MW de potência crítica, utilizando 100% de energia renovável”.
“Portugal sempre foi um mercado estratégico para a Merlin, representando uma parte significativa do nosso portefólio. Estes data centers, como nova classe de activos que está a impulsionar o crescimento da empresa, irão colocar Portugal numa posição de destaque. O país beneficia de uma localização privilegiada para comunicações por cabos submarinos, uma rede eléctrica robusta e energia renovável, num ambiente que favorece o investimento, promove a inovação e oferece fundamentos económicos altamente atractivos”, sustenta, por seu turno, Ismael Clemente, fundador e director executivo da Merlin Properties, vincando que no âmbito desta parceria, a Merlin e a Edged têm o objectivo de aumentar a capacidade eléctrica deste complexo da Castanheira do Ribatejo “com o objectivo de atingir até 300 MW de potência crítica a longo prazo”.