Cheira bem, cheira a Portugal? Vamos ter a “primeira rota olfactiva do mundo”

O Portugal by Nose propõe-se guiar os turistas numa viagem pelos aromas tradicionais do país, das receitas dos avós aos pratos e ingredientes regionais, das paisagens literárias à flora nativa.

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A perfumista Cláudia Camacho é directora do Portugal by Nose e Nuno Miguel Dias consultor nos percursos gastronómicos Daniel Rocha
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O Portugal by Nose assume-se como “a primeira rota olfactiva do mundo” e tem como objectivo desafiar os viajantes a (re)descobrir “a riqueza cultural, natural e comunitária do país” através de quatro percursos temáticos, cada um desenhado “para envolver os sentidos e conectar os visitantes com as tradições locais”.

A iniciativa liderada por Cláudia Camacho, “a primeira mulher perfumista independente em Portugal”, tem “como ponto de partida” a Lourinhã e será lançada oficialmente em Março do próximo ano, durante a BTL, em Lisboa, “com todos os municípios que aderirem [ao projecto] até à data”, revelam nas redes sociais.

Ainda sem mais detalhes, sabe-se que o projecto “está dividido em quatro percursos estratégicos”, sempre com os aromas como “eixo central”. No botânico, “serão criados percursos pedestres olfactivos, orientados por locais, que possuem conhecimentos em botânica, permitindo aos participantes descobrir flores, plantas comestíveis e a riqueza da biodiversidade”, lê-se no site do Portugal by Nose.

Já o gastronómico quer dar “voz aos produtores, agricultores e cozinheiros”. Os restaurantes aderentes poderão “desenvolver ou escolher um prato da sua ementa que represente olfactivamente a região”, e será “criado um mapeamento de produtores do concelho dispostos a receber visitantes, incluindo produtores de vinho”, com o objectivo de fomentar “um maior intercâmbio local e uma valorização dos produtos regionais”.

No social, são os idosos que surgem em destaque e a “preservação do conhecimento e das tradições” que guardam. Inclui “visitas a centros de dia, onde serão recolhidos oralmente testemunhos e memórias olfactivas, além de receitas antigas”, assim como “dinâmicas intergeracionais que fomentem o interesse dos mais jovens, envolvendo escolas de turismo, faculdades, unidades de investigação e universidades seniores”.

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Imagem de divulgação do Portugal by Nose dr

Por último, o percurso literário convida “a explorar a ligação entre a literatura e a paisagem” com “percursos botânicos e paisagísticos inspirados nas obras de escritores locais e em referências literárias relacionadas com os locais visitados”.

Ainda que nem sempre lhe demos a devida atenção ou destaque merecido, dos diferentes sentidos “um visitante 'recorda 35% do que cheira, 5% do que vê, 2% do que ouve e apenas 1% do que toca'”, sublinha o projecto nas redes sociais. “Esta abordagem coloca o turismo sensorial e mnemónico no centro das atenções, sublinhando o papel crucial do olfacto na formação de memórias duradouras.” E torna Portugal “pioneiro no uso do olfacto como ferramenta turística”.

O projecto pretende ainda funcionar “como uma alavanca para as comunidades locais, concebido de forma a garantir que estas possam ser recompensadas, ao mesmo tempo que potencia as características endógenas e contribui para a coesão social”. “Em cada percurso, os habitantes partilham conhecimentos únicos, muitas vezes passados de geração em geração, criando experiências que reforçam o laço entre visitantes e território.”

Cláudia Camacho, directora do Portugal by Nose e consultora nos percursos botânico e social, lançou o primeiro perfume em nome próprio em 2021 e desde esse ano que organiza também eventos olfacto-gastronómicos e provas olfacto-vínicas na área do enoturismo. O projecto conta ainda com as consultorias de Luís Mendonça de Carvalho (Botânica), Nuno Miguel Dias (Gastronomia).

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