Rebeldes que derrubaram Assad na Síria nomeiam ministro dos Negócios Estrangeiros
Depois da escolha de Mohammed al-Bashir para primeiro-ministro interino, pasta da diplomacia do Governo de transição foi entregue a Asaad Hassan al-Shibani.
Os líderes do movimento islamista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o principal grupo das forças rebeldes que derrubaram o regime ditatorial de Bashar al-Assad, na Síria, escolheram Asaad Hassan al-Shibani para o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros no executivo de transição, avançou este sábado a SANA, a agência noticiosa do país.
Formado em Língua e Literatura Inglesa pela Universidade de Damasco e com 37 anos de idade, Shibani chefiava o departamento de Assuntos Políticos da administração rebelde da província de Idlib, tendo como responsabilidades a gestão das relações com governos e instituições estrangeiras e com as agências das Nações Unidas.
Há cerca de duas semanas, o HTS, que já teve ligações à Al-Qaeda e que é considerado um grupo terrorista por vários países e pela ONU, tinha anunciado Mohammed al-Bashir como primeiro-ministro interino da Síria até ao dia 1 de Março do próximo ano.
Uma fonte da nova administração explicou à Reuters que a nomeação de um ministro dos Negócios Estrangeiros “surge em linha com as ambições do povo sírio de estabelecer relações internacionais que tragam paz e estabilidade” ao país.
Ao longo das últimas semanas, praticamente todos os contactos entre as novas autoridades sírias e as delegações estrangeiras, incluindo com diplomatas norte-americanos, britânicos, franceses, alemães e da ONU, foram feitos por Ahmed al-Sharaa (o nome civil de Abu Mohammed al-Jolani), chefe do HTS e líder de facto da Síria pós-Assad.
Com esta nomeação, o HTS procura dotar o Governo interino de uma voz mais institucional na arena internacional, que ajude a reforçar a ideia, promovida por Sharaa, de que a transição de poder na Síria, após décadas de domínio da Assad e de 13 anos de guerra civil, não vai redundar numa espiral de caos e de insegurança e que será possível reconstruir economicamente e socialmente o país.
Uma das preocupações demonstradas pelos rebeldes que tomaram o poder no passado dia 8 de Dezembro junto da comunidade internacional está relacionada com os ataques e com os avanços das forças armadas de Israel na região sul da Síria.