Museu do Porto na Alfândega deve abrir em Janeiro. Câmara já pagou 132 mil euros em rendas
Espaço custa 12 mil euros por mês ao município, enquanto não avança requalificação do Palácio de São João Novo. Processo deve demorar sete anos e tem custo estimado de 25 milhões de euros.
Demorou quase um ano. A primeira exposição temporária do Museu do Porto na Alfândega do Porto deve abrir portas em Janeiro de 2025, depois de, em Fevereiro deste ano, a autarquia ter firmado um acordo com a associação que gere o edifício ribeirinho.
Enquanto não requalifica o Palácio de São João Novo para que este albergue de forma definitiva o núcleo central do Museu do Porto, a Câmara Municipal do Porto (CMP) assinou um contrato para o arrendamento de 2.000 metros quadrados, no primeiro andar da Alfândega, por 12 mil euros por mês (um valor ao qual acresce IVA).
Em resposta às perguntas enviadas pelo PÚBLICO, a CMP refere que, em 11 meses de renda, já pagou 132 mil euros mais IVA por um espaço que terá uma “utilização tripartida”: 500 metros quadrados são para exposições temporárias, outros 500 metros quadrados servem a Biblioteca Errante e espaço de mediação; os restantes mil metros quadrados serão ocupados por uma exposição mais permanente do Museu do Porto.
A primeira exposição temporária, com o título “Revelação”, está já “em fase avançada de montagem”, refere a autarquia. Ainda assim, só deve ser inaugurada no final de Janeiro, trazendo a público os manuscritos sagrados de Santa Cruz de Coimbra.
Já a Biblioteca Errante do Douro terá de esperar por Maio. Até aqui, antes da montagem, a CMP explica que teve de remover "estruturas de exposições anteriores que segmentavam” todo o espaço.
Quando começou o contrato de arrendamento do espaço na Alfândega do Porto, já o director do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, estava de saída para a vice-presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. Foi substituído por Alexandra Lima, que já então era directora do Departamento Municipal da Cultura e Património.
O contrato de arrendamento da casa temporária do Museu do Porto tem uma duração inicial de dois anos, renovando-se automaticamente por períodos de um ano, caso nenhuma das partes o denuncie. Em Fevereiro, a CMP estimava que a requalificação do Palácio de São João Novo levasse sete anos.
A Alfândega do Porto é gerida pela Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações, da qual o município do Porto faz parte. A associação é presidida pelo empresário Mário Ferreira, dono da Douro Azul e da Media Capital.
Uma “Revelação”
O primeiro acto do Museu do Porto na Alfândega é um reencontro do público com “o mais valioso tesouro patrimonial da Biblioteca Pública Municipal do Porto e um testemunho eloquente da vida monástica medieval em Portugal”, refere a CMP.
A exposição “Revelação”, que vai estar de portas abertas entre 25 de Janeiro e 25 de Abril, mostra os Manuscritos Sagrados de Santa Cruz de Coimbra.
A exposição que conta com a curadoria de Rita Roque e Jorge Sobrado e consultoria científica de José Meirinhos, apresenta uma colecção que, entre manuscritos e livros impressos no mosteiro, inclui “bíblias, comentários dos livros bíblicos, ofício divino, saltérios e constituições e Histórias dos Cónegos Regrantes de Coimbra”.
Ao PÚBLICO, a autarquia acrescenta que está a ser preparada outra exposição do Museu do Porto para o espaço na Alfândega. Prevê-se que esta “seja inaugurada no início do Verão”.