O paraíso verde de Sarawak

O leitor Pedro Mota Curto leva-nos à Malásia: “Sarawak vista do ar é verdadeiramente impressionante. Um mar verde, de florestas compactas, recortado por rios gigantes, sem fim.”

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Sarawak Pedro Mota Curto
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A Malásia é constituída por cinco províncias, sendo que as duas maiores não se localizam na península continental, situada a norte de Singapura, mas sim na terceira maior ilha do planeta, a ilha do Bornéu, entre a Indonésia (a sul) e as Filipinas (a norte).

A província malaia do Bornéu, mais a sul, denomina-se Sarawak e a que fica mais a norte é Sabah. Aterrámos na cidade de Kushing, capital de Sarawak, vindos de Kuala Lumpur, capital da Malásia.

Kushing é uma pequena cidade, à escala humana, tranquila, que se percorre a pé, sendo possível, em poucos dias, conhecer os seus principais pontos de interesse, sentindo as fortes influências chinesa e indiana, fruto de uma presença secular. Poucos turistas, poucos ocidentais, uma famosa rua de comércio, aparentemente dominado pelos chineses, com lojas de artesanato e de antiguidades, bastante interessante, uma outra rua de comércio, essencialmente com produtos indianos (Jalan India), templos chineses (Tua Pek Kong é o templo taoista mais antigo, datado de 1876), um pequeno museu que relata a história da presença chinesa na cidade (construído em 1911) e muitos vestígios da presença inglesa (palácio Astana, por exemplo, edificado em 1870), sobretudo desde a segunda metade do século XIX.

O aventureiro inglês James Brooke (e seus sucessores), que durante cerca de cem anos governou Sarawak, (esta província só integrou a Malásia em 1963), deixou marcas muito expressivas neste território, como uma pequena fortaleza (Forte Margherita, construído em 1879), onde existe um museu que conta a sua impressionante história.

Noutro local de Kushing existe um moderno Museu sobre as Culturas do Bornéu, inaugurado em 2022, muito bom, que constitui um local de visita obrigatória. É o maior museu da Malásia.

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Sarawak, a Fonte Musical Darul Hana Pedro Mota Curto

Apesar de todas estas influências estrangeiras, ocorridas ao longo da história, o povo autóctone de Sarawak são os dayaks (maioria) e os orang ulu (minoria), vivendo secularmente na imensa floresta tropical que ocupa praticamente quase todo o território desta imensa ilha.

Kushing é apenas uma pequena e relativamente recente cidade, situada a poucos quilómetros do litoral, construída ao longo das duas margens do rio Sarawak, agora ligado por uma moderna e agradável ponte pedonal (Darul Hana). À sua volta, e por toda a província, o território é constituído por infindáveis, e muitas vezes impenetráveis, florestas tropicais (com árvores gigantes e chuvas intensas), habitadas desde sempre pelos seus povos autóctones, sobretudo pelos dayaks, em profunda comunhão com a natureza exuberante. Rios imensos, serpenteantes, afirmam-se desde sempre como as vias de comunicação por onde se deslocam os seus habitantes, em pirogas artesanais, hoje em processo de substituição por canoas e barcos a motor, movidos a gasóleo.

Sarawak vista do ar é verdadeiramente impressionante. Um mar verde, de florestas compactas, recortado por rios gigantes, castanhos, curvilíneos, sem fim, desaparecendo no horizonte. Florestas e rios dignos de uma milenar e interminável floresta de chuvas tropicais, com uma das maiores biodiversidades do mundo, com destaque para os orangotangos (a palavra significa “homem da floresta”, tal é a sua parecença com o ser humano – 95% do seu ADN é igual ao nosso).

Por tudo isso, este destino contém uma viagem ao passado quase intacto deste planeta, uma experiência no mundo que era mundo antes do Homo Sapiens, sob o olhar atento e inteligente dos orangotangos.

Kushing foi apenas o início desta viagem. Mas essa será outra história...

Pedro Mota Curto

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