Rã-chilena gigante que existe desde o tempo dos dinossauros está ameaçada pelos humanos
A espécie Calyptocephallela gayi vive no Chile é considerada um “fóssil vivo”, mas está em risco de extinção devido às alterações climáticas, à fragmentação do habitat e à poluição.
Uma espécie de rã gigante que saltou lado a lado com os dinossauros e é considerada um “fóssil vivo” está agora a perder terreno no seu território, no Chile, à medida que as alterações climáticas e a intervenção humana ameaçam o seu habitat.
O Calyptocephallela gayi, ou rã-chilena, é uma das maiores rãs do mundo, crescendo em caso raros até aos 30 cm de comprimento e chegando a pesar um quilo. Ao longo de milhões de anos, o anfíbio sofreu pouca variação genética, mas agora o seu futuro está em risco, dizem os cientistas.
“É triste que uma espécie que conseguiu coexistir com os dinossauros, que conseguiu resistir a uma extinção em massa, esteja agora ameaçada pelos seres humanos”, disse Melissa Cancino, uma veterinária e fundadora do Proyecto Anfibia, um grupo dedicado à investigação e educação sobre anfíbios no Chile.
O ambiente da rã-chilena estende-se desde a região norte de Coquimbo até ao Sul da ilha de Chiloé, atravessando a parte central do país. Mas suspeita-se que a sua população tenha diminuído pelo menos em 30% desde 1990 e está classificada como “Vulnerável” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
Factores como as alterações climáticas, a fragmentação dos habitats, o declínio ambiental e a poluição causaram a diminuição do número de rãs-Chilenas, disse Cancino. A má gestão dos recursos hídricos e dos resíduos também têm ameaçado o ambiente desta rã.
Matias Faundez, outro membro do Proyecto Anfibia, viu a degradação do habitat em primeira mão. “Este estuário atravessa toda a cidade e tem muitos esgotos ilegais”, disse ele, enquanto percorria um riacho nos arredores da cidade de Valparaíso, que fica na região logo abaixo de Comquimba. “Mesmo assim, o sapo consegue sobreviver.”