Seis mortos em ataque com mísseis ucranianos à região russa de Kursk

Governador da província russa fala em ataque com míssseis HIMARS fornecidos pelos EUA. Ataque feriu outras dez pessoas.

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As tropas ucranianas continuam a ocupar parte da região de Kursk (imagem de arquivo) Anatoliy Zhdanov/REUTERS
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Seis pessoas, incluindo uma criança, foram mortas nesta sexta-feira num ataque com mísseis ucranianos à cidade de Rylsk, na região russa de Kursk, informou o governador local em exercício, Alexander Khinshtein. O ataque feriu ainda outras dez pessoas, incluindo uma criança de 13 anos, que foram levadas para um hospital local com ferimentos ligeiros, escreveu Khinshtein na rede social Telegram.

“O que aconteceu hoje é uma enorme tragédia para todos nós”, afirmou. Estamos de luto, juntamente com as famílias das vítimas. Ninguém ficará sem apoio.

Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, afirmou entretanto que Moscovo vai levar o assunto à reunião desta sexta-feira do Conselho de Segurança das Nações Unidas, segundo informou a agência noticiosa estatal TASS.

Nas primeiras informações logo após o ataque, Khinshtein afirmou que a Ucrânia tinha disparado mísseis HIMARS fornecidos pelos EUA, danificando vários edifícios, incluindo uma escola, um centro recreativo e residências privadas em Rylsk, situada a cerca de 26km da fronteira com a região ucraniana de Sumy, no Nordeste do país.

Uma informação anterior não confirmada e divulgada pelo canal Mash Telegram, que é próximo das forças policiais russas, apontava para um total de sete mortos na sequência do ataque. O canal publicou um vídeo não verificado que mostrava edifícios danificados e carros a arder numa rua da cidade.

As tropas ucranianas continuam a ocupar parte da região de Kursk, depois de terem atravessado a fronteira numa incursão surpresa a 6 de Agosto último. O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou durante a sua conferência de imprensa anual, na quinta-feira, que as tropas ucranianas seriam definitivamente expulsas da região, embora sem fixar qualquer data para esse objectivo.

Khinshtein, que foi deputado da Duma até ter sido nomeado governador interino de Kursk por Putin no início deste mês, acusou Kiev de ter deliberadamente visado civis no ataque. As tensões entre as partes em conflito aumentaram desde terça-feira, quando um general russo de topo, Igor Kirillov, foi morto por uma bomba em Moscovo. Os serviços secretos ucranianos SBU reivindicaram a autoria do assassínio.

Bombardeamento a Kiev

Este ataque dá-se no mesmo dia em que um novo bombardeamento russo a Kiev matou pelo menos uma pessoa e danificou vários edifícios, incluindo a chancelaria da embaixada de Portugal na capital ucraniana. O ataque motivou uma reacção pronta de condenação do Governo português, que convocou o encarregado de negócios da embaixada russa em Lisboa, a quem foi apresentado um protesto formal.

Há já vários meses que a Rússia tem realizado ataques aéreos contra Kiev e outras cidades ucranianas, tentando atingir sobretudo a infra-estrutura energética. Em pleno Inverno, com temperaturas abaixo de zero, as autoridades ucranianas têm alertado para o impacto de ataques como este para o sistema de fornecimento de electricidade à população civil.

Em simultâneo com os ataques aéreos, a Rússia tem feito algum progresso no Leste da Ucrânia. Esta sexta-feira, as forças militares ucranianas anunciaram a retirada das áreas em torno das aldeias de Uspenivka e Trudove, na província de Donetsk, para evitar serem cercadas pelas tropas russas.