EUA estabelecem nova meta climática para o Acordo de Paris (que Trump deverá ignorar)

“Estamos confiantes na capacidade dos Estados Unidos de se unirem em torno deste novo objectivo climático”, afirmou John Podesta, conselheiro de Joe Biden para as políticas climáticas.

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O actual Presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou o novo plano de acção climática dos EUA até 2035 Kevin Lamarque / REUTERS
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A administração do Presidente Joe Biden estabeleceu uma nova meta climática para os EUA no âmbito do Acordo de Paris, propondo-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa até 2035 em 61% a 66%, em relação aos níveis de 2005. O actual governo norte-americano considera esta meta exequível, mesmo que o Presidente eleito Donald Trump cumpra a sua promessa de reverter as políticas climáticas do país.

As autoridades norte-americanas afirmam que a nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) reflecte os impactos da Lei de Redução da Inflação, lançada em 2022, o projecto de lei das infra-estruturas sobre a descarbonização da economia e as políticas dos Estados de combate às alterações climáticas.

"Os nossos investimentos durante esta administração são duradouros e continuarão a trazer dividendos para a nossa economia e o nosso clima nos próximos anos, permitindo-nos estabelecer uma meta ambiciosa e alcançável para 2035", afirmou John Podesta, conselheiro de Joe Biden para a política climática internacional.

"Estamos confiantes na capacidade dos Estados Unidos de se unirem em torno deste novo objectivo climático", afirmou, acrescentando que, embora Trump "possa passar a acção climática para segundo plano, o trabalho para conter as alterações climáticas vai continuar nos Estados Unidos".

Trump promete saída do Acordo de Paris

Nos termos do Acordo de Paris, as nações devem apresentar até Fevereiro do próximo ano à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês) novos planos nacionais de acção climática. As NDC devem estar em conformidade com o objectivo de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius.

O presidente eleito já tinha afirmado que poderá voltar a retirar os EUA do Acordo de Paris. A equipa de transição de Trump, contudo, ainda não reagiu aos pedidos de comentário.

A equipa de transição de Trump está a recomendar mudanças radicais para cortar o apoio a veículos eléctricos e estações de carregamento e impor tarifas sobre todos os materiais de baterias a nível mundial, informou a Reuters esta semana. Trump fez campanha com a promessa de alcançar o domínio energético dos EUA através de uma maior produção de combustíveis fósseis, e não de energias renováveis.

Aliança complementar

Uma aliança de duas dúzias de territórios dos EUA, incluindo os estados de Nova Iorque, Califórnia e Novo México, que se comprometeram a continuar a alinhar as suas políticas com os objectivos do Acordo de Paris, estabeleceu na quinta-feira um objectivo colectivo e complementar para atingir a meta de redução de emissões em 61% a 66% até 2035.

Os EUA ainda não estão em condições de cumprir o seu objectivo de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% a 52% até 2030, de acordo com o Rhodium Group, que concluiu que outros grandes emissores, incluindo a União Europeia, a Coreia do Sul, a África do Sul e o Reino Unido, também não estão a cumprir o objectivo.

O grupo de investigação Energy Innovation concluiu que, com as políticas actuais, os EUA podem conseguir uma redução de 46% até 2035. Até agora, apenas os Emirados Árabes Unidos e o Brasil anunciaram novas NDC antes do prazo de Fevereiro.