“Inefável” foi a palavra mais pesquisada no dicionário Priberam em 2024

Mas outras palavras definiram este ano relativamente a acontecimentos políticos, económicos, culturais ou sociais. Seleccionadas pela Agência Lusa e pela Priberam, estão no site O Ano em Palavras.

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Nuno Ferreira Santos
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"Inefável" foi a palavra mais pesquisada no dicionário online Priberam em 2024, embora não relacionada com nenhum acontecimento específico, mas muitas outras definiram o ano, relativamente a acontecimentos políticos, económicos, culturais ou sociais.

Inefável foi "a palavra mais procurada no Dicionário Priberam", mas "não faz parte das seleccionadas para 'O Ano em Palavras'" - uma selecção feita pela Agência Lusa e pela Priberam das palavras mais pesquisadas e que ilustram o ano de 2024 - , por não estar ligada a nenhum evento específico, explicam as duas entidades em comunicado.

As 24 palavras (duas por cada mês) que definiram o ano - seleccionadas, em termos de relevância, a partir de mais de centena e meia de pesquisas que se destacaram por serem feitas no momento em que decorriam os acontecimentos que lhes deram origem - encontram-se disponíveis no site oanoempalavras.pt, cada uma delas ilustrada com fotografias e notícias da Lusa sobre o evento em causa.

As palavras são apresentadas por ordem cronológica, de Janeiro a Dezembro, e cada palavra permite aceder directamente ao seu significado no Dicionário Priberam e ao artigo da Lusa sobre a notícia que motivou as pesquisas.

"Suplemento" e "imunidade" foram as palavras que marcaram Janeiro, mês em que milhares de polícias exigiram suplemento de risco idêntico ao da Polícia Judiciária, e em que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, arguido por suspeitas de corrupção, admitiu o levantamento da imunidade.

As palavras que caracterizaram Fevereiro foram "vudu", por causa da escola de samba que venceu o Carnaval carioca com um enredo baseado na força das mulheres negras e em crenças vudus, e "Persona non grata", classificação atribuída por Israel ao presidente do Brasil, Lula da Silva, após este ter comparado Gaza ao Holocausto.

Março foi definido pelas palavras "marcha", devido aos agricultores que fizeram uma marcha lenta para reivindicar medidas contra a seca, e legislativas, na sequência da vitória da Aliança Democrática nas eleições legislativas.

Em Abril, milhares de pessoas encheram a Avenida da Liberdade no cinquentenário do 25 de Abril, e Marcelo Rebelo de Sousa defendeu o pagamento de reparações por crimes da era colonial, pelo que as palavras mais procuradas foram "liberdade" e "reparação".

As palavras de Maio foram "faroeste" e "repúdio", a propósito de o presidente francês, Emmanuel Macron, dizer que a Nova Caledónia não se podia tornar um "faroeste", e de o presidente da Assembleia da República, Aguiar-Branco, propor um voto de repúdio contra discursos de ódio.

Em junho, as palavras eleitas foram asilo, porque, segundo a Agência da ONU para os Refugiados, ACNUR, Portugal recebeu cerca de 2.600 pedidos de asilo em 2023, e extrema-direita, porque milhares de franceses se manifestaram contra a extrema-direita após a primeira volta das legislativas.

Julho foi um mês marcado pelos vocábulos "traineira" e "desistência", na sequência do naufrágio de uma traineira que provocou a morte de vários pescadores, e do anúncio de Joe Biden de que desistia das presidenciais norte-americanas e apoiava Kamala Harris.

Em Agosto, a conquista do bronze pela judoca Patrícia Sampaio e da prata pelo ciclista Iúri Leitão no omnium, nos Jogos Olímpicos de Paris, ditaram a escolha das palavras "judoca" e "omnium".

As fagulhas e cinzas no ar na sequência de incêndios florestais no centro e norte do país e o ciberataque israelita que causou a explosão simultânea de milhares de pagers no Líbano fizeram de "fagulha" e "pager" as palavras em destaque no mês de Setembro.

A depressão que provocou fortes inundações, mais de 200 mortos e graves danos no sudeste de Espanha e as manifestações no Bairro do Zambujal a exigir "justiça", após a morte de um morador baleado pela PSP, fizeram de "depressão" e "Zambujal" as palavras de Outubro.

Novembro foi o mês dos termos "greve" e "barricada", depois de a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, visitar o INEM na sequência da crise por greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar, e de manifestantes contestarem o resultado das eleições moçambicanas com barricadas nas ruas.

Por fim, Dezembro ficou marcado por "restauração", devido às declarações do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que recordou a Restauração da Independência em Portugal, para defender a soberania da Ucrânia, e por "transição", na sequência da queda do regime de Bashar al-Assad na Síria, que deixou o país com um governo de transição.

Segundo o comunicado, o Dicionário Priberam, que celebrou 15 anos, aumentou o seu conteúdo, com a inclusão de mais de 7.300 novos verbetes, contabilizando à data mais de 167.600 entradas e mais de 273.700 definições.