Casal sexagenário em prisão preventiva por suspeita de abandono que levou à morte de idosa

Suspeitos terão deixado a mãe dele, uma mulher de 98 anos demente e totalmente dependente, à sua sorte de forma deliberada. Idosa viveu nos últimos meses com cabeça do fémur partida.

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Suspeitos já foram ouvidos por um juiz que os interrogou e determinou a sua prisão preventiva Daniel Rocha
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Um casal, o homem com 60 anos e a mulher com 62 anos, residentes no concelho de Setúbal, estão presos preventivamente por suspeitas de terem abandonado à sua sorte a mãe dele, com 98 anos, que acabou por morrer na semana passada.

Isso mesmo foi anunciado em comunicado esta quarta-feira pelo Departamento de Investigação Criminal de Setúbal da Polícia Judiciária (PJ), que descreve um cenário de total ausência de cuidados da vítima, uma mulher demente e totalmente dependente.

Tudo começou quando, na passada quinta-feira, a PJ foi informada pela PSP da existência de um cadáver numa residência, no concelho de Setúbal. A polícia tinha sido chamada na sequência de um pedido de ajuda feito para o Instituto Nacional de Emergência Médica, que enviou uma equipa ao local. Um clínico atestou o óbito da senhora, mas estranhou as lesões espalhadas pelo corpo e o estado cadavérico em que se encontrava. Daí que accionou a PSP.

“Efectuada deslocação ao local, foi possível determinar que a morte ocorreu num quadro de grande sofrimento e de falta de cuidados mínimos de higiene, alimentação e saúde, por omissão consciente por parte dos suspeitos”, lê-se na nota da Judiciária.

O quadro inicial, diz o comunicado, foi posteriormente confirmado pelo resultado da autópsia médico-legal “que determinou que a vítima, demente e totalmente dependente, viveu, ao longo dos últimos meses, com a cabeça do fémur partida, acamada, sem que os seus familiares ‘cuidadores’ se preocupassem com o seu bem-estar, deixando-a de forma deliberada à sua sorte, cuja consequência foi a morte”.

O casal já foi presente a tribunal, tendo-lhes, na sequência do primeiro interrogatório judicial, sido aplicada a medida de coação de prisão preventiva a ambos.

O procurador-geral da República, Amadeu Guerra, referiu no seu discurso de posse, em Outubro passado, que as investigações de crimes contra idosos "devem ser céleres, com emissão de despacho final em prazo muito curto". Soube-se mais tarde que Amadeu Guerra revertera uma decisão da sua antecessora que concentrara os crimes contra idosos acolhidos em lares ou instituições similares no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, passando-os para as comarcas territorialmente dependentes.

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