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Natal será de lembrancinhas para muitos brasileiros que vivem em Portugal
Como imigrantes, muitos se mostram cautelosos na hora de comprar presentes para familiares e amigos. Alguns deixam compras para a última hora. Especialista diz que momento não é para se fazer dívidas.
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Comprar presentes para a família e amigos no Natal é tradição que vem de longe. Muitas pessoas, inclusive, chegam a se endividar para não deixar a data passar em branco. Mas, na avaliação de Ricardo Rocha, especialista em finanças pessoais e professor da escola de Negócios Insper, esse é um grande erro. Para ele, ninguém tem a obrigação de dar presentes no Natal, sobretudo, se as compras resultarem em dívidas. Caso, realmente, o desejo seja o de dar algo para alguma pessoa, que se opte por uma lembrancinha que caiba no orçamento doméstico. O que importa é o carinho e o respeito em relação aos familiares e amigos.
Natacha Ramos, 36 anos, que se mudou para Portugal em fevereiro último, já fez as compras. Pesquisadora acadêmica, cursando doutorado em comunicação social, ela optou por dar dois presentes para cada um dos familiares, mas sempre de forma comedida. “Tenho uma família muito pequena. Comprei o que acredito que cada um gostaria e uma lembrancinha de Portugal. Na soma geral, foi um preço médio”, diz. Ela, que passará o Natal no Brasil, entende que o momento não é para gastos exagerados.
Dona de uma loja de azeites, Helena Beguetto, 37, está nas duas pontas, de consumidora e de comerciante. Há 15 anos vivendo em Portugal, ela conta que começou a comprar os presentes de Natal com antecedência. “Gosto de ver uma coisa e lembrar da pessoa. Acho que faz mais sentido do que simplesmente sair comprando, porque preciso comprar. Com mais tempo, penso se a pessoa gosta daquilo e se realmente precisa”, afirma. “À medida que vou comprando, vou conversando com quem quero presentear para colher informações que possam me ajudar na hora de escolher os presentes”, acrescenta.
Helena ressalta, porém, que apenas uma pessoa da família “ganhará um presentão” neste Natal: a mãe dela. Os demais receberão lembrancinhas, “mas que têm tudo a ver com cada um”. Neste ano, ela passará as festas natalinas no Brasil. “Estou levando um presente mais substancioso para minha mãe. Para meus amigos mais próximos, do dia a dia de Portugal, não será nada caro”, frisa ela, assinalando que, do ponto de vista da sua loja, dezembro começou devagar em termos de consumo. “Como as pessoas costumam fazer as compras em cima da hora, creio que o fim de semana antes do Natal terá um movimento mais forte”, diz.
Compras que caibam no bolso
Há cinco anos em Portugal, Natália Ludwing, 33, ainda não comprou nenhum presente. “Mas pretendo comprar para os amigos que moram comigo, com quem vou passar o Natal. São três portugueses”, ressalta. “Quero escolher bem o que vou dar para eles. E tem de caber no meu bolso, pois não quero gastar muito neste ano”, emenda. “Um dos meus amigos ama plantas. Outro gosta muito de ler, então, talvez um livro. O outro, não sei ainda. Mas, certamente, vai ficar dentro do meu orçamento.”
Natália cruzou o Atlântico para ficar apenas cinco meses em Portugal. O objetivo era fazer um curso de curta duração. Mas acabou se empregando em uma loja e, há um ano e meio, abriu um ponto de venda de produtos de design brasileiro. “Faço os desenhos das peças que vendo, em resina, que são fabricadas no Brasil. Também faço curadoria de algumas peças específicas que são feitas em Portugal”, conta. Para ela, o movimento maior de Natal vai começar nesta semana. “No caso da nossa loja, o tíquete de compras da clientela não é alto, nem muito baixo”, diz.
Vivendo a experiência se ser imigrante há um ano, Tatiana Garcia, 37, sabe que não pode avançar o sinal nos gastos. “A princípio, parece que não haverá presentes. Talvez um par de meias para algumas poucas pessoas”, afirma ela, que trabalha como cabeleireira. “Faço isso há 16 anos”, frisa. Em Portugal, ela divide a casa com uma amiga e o filho dela. “Estamos, inclusive, pensando em fazer um amigo secreto no Natal, porque é mais barato”. É possível que o namorado da amiga de Tatiana se junte ao grupo no Natal. “Portanto, se tiver presente, será só para eles.”
Para Tatiana, presentes não devem ser a prioridade do Natal. “O mais importante é estar junto de quem gostamos, de quem é importante para nós”, ensina. "É tentar passar o máximo juntinho, para parecer que se está em família. Essa minha amiga e o filho dela são a família que fiz em Portugal. Estaremos próximos para não sentir tanta falta da casa no Brasil”, destaca.
Há nove anos em Portugal, Vinícius Caires Soares, 38, que trabalha em um restaurante, diz que a prioridade neste ano é presentear a mulher e o filho. “Já gastei todo meu salário do mês. Levei minha mulher a uma loja que ela só conhecia de propaganda e disse que podia escolher o que quisesse, sem olhar os preços”, afirma. “Mas ainda tenho que comprar mais algumas coisas antes do Natal”, acrescenta.