Aos 26 anos, a Taberna A Pipa de Beja fechou as portas
Era um retiro do cante e da cozinha alentejana. Na ausência de quem quisesse continuar o projecto, a Taberna A Pipa despediu-se este domingo. “Estamos muito cansados”, diz Saudade Campião.
A decisão já estava tomada há algum tempo. Mais tarde ou mais cedo, Saudade Campião sabia que não conseguiria manter o ritmo à frente da Taberna A Pipa, no centro histórico de Beja, da qual era proprietária, cozinheira, anfitriã, gestora de redes sociais... “É uma actividade muito desgastante”, diz à Fugas.
“Temos muita pena. Tentámos passar o restaurante a alguém. Disponibilizei-me para ajudar, dar formação de forma gratuita, passar todos os contactos dos nossos fornecedores e assim, mas não houve procura”, lamenta. A falta de mão-de-obra na restauração também não permitiu ter “mais funcionários”, que a deixassem “mais aliviada” de algumas tarefas.
Por isso, “chegou agora o momento”. Há mais de um mês que estava anunciado nas redes sociais que, 26 anos depois, a taberna afamada pelas receitas regionais, decoração tradicional e cante alentejano iria fechar a 15 de Dezembro. Este domingo foi mesmo o último dia. “Estamos muito cansados”, reconhece. “Ocupava-me a vida.”
O fecho do restaurante, no entanto, não ditará o fim dos cozinhados de Saudade. A página do Facebook, muito activa, com 52 mil seguidores, pratos gulosos, e retratos das visitas de muitos cantores e personalidades portuguesas, já mudou de nome para Chef Saudade Campião, e é ali que serão anunciados os próximos passos da cozinheira.
“Já fazia uns showcookings e oficinas de cozinha. Vou continuar”, revela. “A ideia é ir a casa das pessoas, ensinar ou fazer pratos dentro da nossa gastronomia regional.” E participar ou organizar eventos mais pequenos. Quem sabe continuar a liderar uma das actividades do Beja Experiences, agora noutro espaço. “A pouco e pouco, vou anunciando as minhas ideias.”