O que é que sabemos sobre Mayotte, o arquipélago atingido pelo ciclone Chido?

Mayotte, um território ultramarino francês localizado no oceano Índico, foi atingido por um ciclone durante o fim-de-semana. O ciclone deslocou-se até Moçambique, mas com menor intensidade.

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O Chido pode vir a ser um dos ciclones mais destrutivos que passou na ilha desde o início do século Chafion Madi / REUTERS
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Eis alguns factos sobre o território ultramarino francês de Mayotte devastado pelo ciclone Chido este fim-de-semana. O número de vítimas ainda não é conhecido, mas as autoridades falam no que podem vir a ser centenas ou mesmo milhares de vítimas.

Geografia

Mayotte é um território francês situado ao largo da costa sudeste de África. Situa-se a leste das ilhas Comores, no oceano Índico, e a noroeste de Madagáscar. Este arquipélago é constituído por duas ilhas principais: Grande-Terre e Petite-Terre.

As vizinhas Comores abrangem três pequenas ilhas vulcânicas, Grande Comore, Anjouan e Moheli. Ao contrário de Mayotte, as Comores declararam a sua independência de França em 1975.

A área terrestre de Mayotte é de 374 quilómetros quadrados, um pouco mais do dobro do tamanho de Washington DC. Contabiliza uma população de cerca de 321 mil habitantes, segundo as estimativas oficiais. Em termos de densidade populacional, fica atrás apenas de Paris e dos seus subúrbios e a idade média da população é de 23 anos, em comparação com os 41 anos da França continental.

História

As ilhas foram inicialmente povoadas por marinheiros árabes há cerca de mil anos. Os árabes trouxeram escravos de África e estabeleceram uma série de pequenos sultanatos nas diferentes ilhas, que negociavam com África Oriental e Madagáscar.

A França colonizou Mayotte em 1843 e alargou a sua influência até anexar formalmente todo o arquipélago em 1904.

As equipas de socorro e os militares franceses procuram sobreviventes e entregam provisões para a população afectada Chafion Madi / REUTERS
Os serviços de abastecimento de água foram cortados, o que levou a população a fazer filas nas mercearias em busca de água engarrafada e provisões básicas Chafion Madi / REUTERS
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As equipas de socorro e os militares franceses procuram sobreviventes e entregam provisões para a população afectada Chafion Madi / REUTERS

Em 1961, uma medida de autonomia não conseguiu pôr termo à agitação em prol da independência total. Num referendo realizado em 1974, 95% dos eleitores apoiaram a separação, mas 63% dos habitantes de Mayotte votaram a favor da permanência da França. A Grande Comore, Anjouan e Moheli declararam unilateralmente a independência a 6 de Julho de 1975. Mayotte continua a fazer parte de França até hoje.

Economia

Mayotte depende fortemente da assistência financeira francesa e a economia local é dominada pelos serviços do sector público. Em 2018, o governo elaborou um pacote de investimento de 1,3 mil milhões de euros para a ilha, mas um relatório de 2022 do gabinete de auditoria nacional afirma que o mesmo não teve um seguimento adequado.

Embora tenha prosperado sob o controlo francês, a população das Comores, em rápido crescimento, tem sofrido com a pobreza e a instabilidade política. Centenas de comorianos arriscam a vida todos os anos na perigosa travessia marítima para Mayotte. O modelo de segurança social e os impostos franceses aplicam-se em Mayotte.

Em 1898, dois ciclones arrasaram o arquipélago e uma epidemia de varíola dizimou os sobreviventes. A indústria açucareira foi abandonada e substituída pela baunilha, pelo café, o sisal e, mais tarde, por plantas aromáticas como o ylang-ylang.

O desemprego atinge os 37% em Mayotte, contra os 7,4% na França continental, e o rendimento médio é de 3140 euros, contra 23 mil do território francês continental, segundo o instituto nacional de estatística INSEE. Três em cada quatro pessoas vivem abaixo da taxa nacional de pobreza em França.