Final feliz: garça brasileira levanta voo após remoção de um copo de plástico da garganta
A garça avistada com um copo de plástico preso na garganta tornou-se um símbolo ambiental no Brasil, motivando reacções de indignação na internet sobre os danos causados pelos plásticos de uso único.
A saga da garça avistada no Rio de Janeiro, no Brasil, com um copo de plástico entalado na garganta durou quase duas semanas e trouxe, a reboque, uma acesa discussão sobre os danos causados pela poluição de plástico. A imagem impressionante correu mundo e mobilizou as atenções. Este domingo, após ter sido capturada na sexta-feira, a garça voou livre, esticando as asas e voando sobre um rio depois de os veterinários a salvarem da morte quase certa removendo o copo de plástico preso no seu pescoço que bloqueava a sua garganta e a impedia de se alimentar.
A missão de salvar a ave provocou um clamor no Brasil sobre o impacto da poluição com plásticos na vida selvagem numa cidade famosa pelas suas montanhas arborizadas com vista para uma agitada metrópole à beira-mar.
No domingo, quando a gaiola se abriu, a garça esguia hesitou por um momento antes de sair e saltar no ar, com suas asas brancas e cinzentas levando-a sobre o rio no bairro carioca do Recreio dos Bandeirantes.
“Se Deus quiser, ele não vai encontrar nenhum plástico ou copo no caminho”, disse Jeferson Pires, biólogo veterinário de um centro de vida selvagem que avistou o infeliz animal pela primeira vez este mês e publicou um alerta sobre a sua situação nas redes sociais.
O logotipo da popular bebida de guaraná com sabor de frutas de 200 ml era claramente visível na garganta da garça antes de ela ser capturada na sexta-feira passada. O vídeo mostrava-a a lutar em vão para retirar o copo com o seu bico cor-de-laranja.
“O que vimos hoje com esta garça, ao longo destas duas semanas, é o quanto estes animais são afectados pelo plástico”, disse a ambientalista Isabelle de Loys após a libertação da ave.
A obstrução estava a impedi-la de comer, e provavelmente iria matá-la de fome numa questão de dias sem intervenção cirúrgica, disse Pires. A garça carnívora foi vista, a certa altura, a vomitar um peixe que não conseguia engolir por causa do copo. Jeferson Pires disse que as lesões no longo pescoço da ave se deviam provavelmente a esses esforços falhados para comer, deixando-a ligeiramente abaixo do peso.
Após as primeiras publicações de Pires, a garça tornou-se um símbolo ambiental. Esta sua saga ganhou cobertura dos principais jornais e emissoras do Brasil e provocou indignação na internet sobre os danos causados pelos plásticos de uso único.
“Apesar de encontrarmos com frequência a presença de plástico dentro do estômago de animais, nunca tínhamos visto um caso como este”, disse o veterinário à Reuters na altura da descoberta, no início de Dezembro, ressaltando o grande tamanho do plástico.
Depois de o copo ter sido removido cirurgicamente, Pires disse que estava ansioso para soltar a elegante ave de volta à natureza. “Não vimos razão para continuar a segurá-la”, disse ele.
A ave, conhecida pelos cientistas como garça Cocoi, a maior espécie de garça encontrada na América Latina, é parente próxima da garça-azul-grande. O seu habitat estende-se desde o Panamá até ao extremo sul da América do Sul e as aves pesam até 3 kg com asas de cerca de 40 cm de comprimento.