Movimento Faixas Vivas exige publicação de normas de gestão de combustíveis

A exigência é feita ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, para que publique as novas normas técnicas

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O abate de árvores no Parque Natural Sintra-Cascais foi justificado com a necessidade de criar faixas de gestão de combustível, mas gerou indignação Daniel Rocha (Arquivo)
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O Movimento Faixas Vivas anunciou este domingo que enviou um manifesto ao secretário de Estado das Florestas, a exigir a publicação urgente das novas normas técnicas de gestão de combustíveis pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

"Estas normas, há muito aguardadas - já com dois anos de atraso em relação ao prazo inicialmente prometido -, são fundamentais para uma gestão mais eficaz e sustentável da floresta portuguesa", apontou, em comunicado, o movimento que reúne mais de duas dezenas de organizações não-governamentais, associações, empresas, investigadores e mais de uma centena de cidadãos.

No manifesto enviado a Rui Ladeira, o grupo reivindica a publicação e consulta pública das novas normas de gestão de combustível, mas também a promoção de florestas resilientes e sistemas agro-florestais de elevado valor de conservação, "nomeadamente a eliminação da obrigatoriedade de cortar arvoredo adulto de folhosas autóctones em faixas e áreas estratégicas de mosaicos de gestão de combustível", e um compromisso político "sólido" para transformar a gestão de incêndios e alinhar Portugal com as metas europeias e nacionais de conservação da biodiversidade.

O movimento adiantou que tem recebido "inúmeras denúncias de más práticas" relacionadas com as directivas actuais do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR), que "frequentemente resultam em abates desmedidos de espécies protegidas, como sobreiros e azinheiras, muitas vezes sem justificação técnica ou ecológica".

Segundo o grupo, estas intervenções têm degradado florestas que poderiam funcionar como barreiras naturais ao fogo, tendo apelado ao Governo para "que se abandone a visão unidimensional baseada na gestão de combustíveis e no aproveitamento de biomassa", e se adopte uma abordagem integrada que promova florestas mais resilientes, sistemas agro-florestais e a diversificação da paisagem.

"Programas como as Operações Integradas de Gestão da Paisagem e os Programas de Transformação da Paisagem apresentam potencial, mas precisam de maior financiamento e abrangência territorial para alcançar resultados transformadores", realçou.

Entre os subscritores do manifesto estão a Zero - Associação Terrestre Sustentável, a Verde - Associação para a Conservação Integrada da Natureza, a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Aliança para a Floresta Autóctone.