Uma pantera em passo apressado rumo ao grande dia da sua descolonização

Um monumental tambor-falante está prestes a voltar a casa, após mais de cem anos de cativeiro em Paris. A devolução do djidji ayôkwé à Costa do Marfim é e não é uma história exemplar de restituição.

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José Carvalheiro
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É uma saga tão inclemente como a da colonização do território que viria a ser, de 7 de Agosto de 1960 em diante, a Costa do Marfim: uma monumental pantera (430 quilos, mais de três metros) dá por si capturada e apartada dos seus pela administração colonial francesa, naquele ano de 1916 em que nem uma sangrenta Guerra Mundial no coração da Europa inibe a ambição de dar uma nova capital, Abidjan, à colónia situada à entrada do Golfo da Guiné. Assim falaria ela, a pantera, caso lhe dessem voz, como às estátuas de Dahomey, o premiado documentário de Mati Diop agora em exibição em Portugal.

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