Museus e Monumentos de Portugal já nomeou os primeiros directores
Sandra Costa Saldanha vai para o Museu Machado de Castro e Rui Câmara Borges para o Laboratório José de Figueiredo. Rosário Salema de Carvalho irá dirigir o Museu do Azulejo.
São os primeiros resultados dos concursos lançados pela Museus e Monumentos de Portugal, a empresa pública criada pelo Ministério da Cultura que entrou em funções em Janeiro, com a nomeação para as direcções de cinco museus e dois conjuntos de monumentos, entre os quais os Jerónimos, bem como para o Laboratório José de Figueiredo, a instituição de referência para a conservação e restauro.
Há três reconduções e seis novos directores, um conjunto em que sobressaem carreiras mais ligados ao ensino e à investigação do que aos museus, embora nenhum dos perfis seja puramente académico.
Destaque para Sandra Costa Saldanha que vai para o Museu Nacional Machado de Castro, em Coimbra, que até recentemente teve como directora Maria de Lurdes Craveiro, a actual secretária de Estado da Cultura. A historiadora de arte é uma especialista em escultura barroca e é talvez o nome mais conhecido entre as novas nomeações.
Já o Museu Nacional do Azulejo (Lisboa), que até Maio foi liderado pelo actual presidente da MMP, Alexandre Pais, vai ter à sua frente Rosário Salema de Carvalho, que comissariou a exposição dedicada à fábrica Viúva Lamego actualmente na instituição. Por último, a fechar o capítulo das novas nomeações nos museus nacionais, foi ainda escolhida Mariana Brandão, directora artística do Festival Temps d’Images, para o Museu Nacional do Teatro e da Dança, em Lisboa.
Rui Câmara Borges, actual presidente da Associação Profissional de Conservadores Restauradores de Portugal, que vai assumir a direcção do Laboratório José de Figueiredo, tem um perfil mais académico, ligado à conservação e restauro de metais.
No Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (Lisboa) mantém-se Margarida Donas Botto, que é directora interina desde a saída de Dalila Rodrigues para o Ministério da Cultura. No Museu Nacional de Arqueologia, foi igualmente encontrada uma solução de continuidade, com António Carvalho nas funções que exerce há mais de uma década. Sandra Vieira Jürgens continuará à frente da Colecção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), de que é curadora desde 2022.
Em Guimarães, o Paço dos Duques e o Castelo terão como director Milton Pacheco, que irá substituir Flávio Vieira. Nomeado interinamente, este último dirigia também o Museu Alberto Sampaio, que agora passa a ter uma direcção autónoma, confiada a Maria de Lurdes Rufino.
Resultado de nove concursos internacionais lançados em Agosto e Setembro, foram escolhidos seis novos directores, mantiveram-se outros dois e foi reconduzida uma directora interina, diz o comunicado da MMP, acrescentando que no total receberam 69 candidaturas.
Sandra Costa Saldanha, que assume o Museu Nacional Machado de Castro, é doutorada em História da Arte pela Universidade de Coimbra e pertence ao Centro de História da Sociedade e da Cultura. Durante muito tempo, foi directora do Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, um órgão da Conferência Episcopal Portuguesa. Actualmente, além da carreira universitária, Sandra Saldanha mantém já uma colaboração informal com o Machado de Castro no âmbito da programação.
Rosário Salema de Carvalho, uma especialista em azulejaria portuguesa, vai assumir a direcção do Museu Nacional do Azulejo, um dos museus mais visitados da MMP. É investigadora no ARTIS–Instituto de História da Arte, da Faculdade de Letras de Lisboa, onde se doutorou. Actualmente, tem também já um pé dentro do Museu Nacional de Azulejo, onde coordena os projectos relacionados com os estudos e inventário do azulejo. Doutorada em História pela Universidade de Lisboa, a sua investigação centra-se sobretudo na azulejaria dos séculos XVII e XVIII.
Rui Câmara Borges, professor no Departamento de Ciências dos Materiais na Faculdade de Ciências e Tecnologia (UNL), é especialista em prata antiga. Doutorado em Ciência e Engenharia de Materiais, com especialização em ligas de prata portuguesa dos séculos XV a XVII, desenvolve investigação nas áreas de conservação de metais antigos.
Mariana Brandão, com doutoramento na área da performance e história da dança, é directora artística do Festival Temps d’Images e directora de produção do Arena Ensemble. É investigadora no CIEBA da Faculdade de Belas-Artes de Lisboa.
Maria de Lurdes Rufino, licenciada em História de Arte e com uma pós-graduação em Museologia, é actualmente conservadora no Museu Municipal de Esposende. Trabalhou no Mosteiro de Tibães, em Braga, que coordenou entre 2014 e 2019, e no Theatro Circo, na mesma cidade, como administradora não executiva.
Milton Pacheco, que será o novo director do Paço dos Duques e Castelo de Guimarães, é investigador na área da arquitectura religiosa e trabalha actualmente na Casa-Museu Elysio de Moura, em Coimbra.
A MMP abriu na terça-feira os últimos sete concursos internacionais que completam o processo de selecção de novas direcções para os 38 equipamentos sob a sua tutela.
Muito esperado, é o resultado do concurso para a direcção do Museu Nacional de Arte Antiga, lançado na mesma altura dos museus de Arqueologia e do Teatro, que perdeu com a entrada em funcionamento da MMP o seu estatuto de primeiro museu nacional, o que levou a actual direcção, composta por Joaquim Caetano e Anísio Franco, a não concorrer.